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Thrash Metal

Sepultura se despede dos fãs pernambucanos em grande estilo; confira tudo sobre o show

Em apresentação histórica no Recife, a maior expressão do Thrash Metal nacional deixou o público em êxtase com a turnê "Celebrating Life Through Death", que comemora os 40 anos de carreira e prepara o encerramento das atividades da banda

No palco, o que se viu foi uma performance extremamente vigorosa, refinada, agressiva e inesquecívelNo palco, o que se viu foi uma performance extremamente vigorosa, refinada, agressiva e inesquecível - Foto: Isabella carneiro

Um show histórico e impecável para guardar na memória pelo resto da vida. Foi assim que o Sepultura se despediu dos fãs pernambucanos com a turnê “Celebrating Life Through Death”, que marca o adeus dos palcos e celebra os 40 anos de carreira da banda mais emblemática do Thrash Metal nacional.

Headbangers do Recife e de várias cidades do interior de Pernambuco, também de João Pessoa, Natal, além de outros estados, fizeram questão de marcar presença, neste sábado (14), no Classic Hall, como uma grande família que está junto em um importante rito de passagem na história do Sepultura.

Com a casa cheia, como há muito não se via em shows de metal na cidade, os anfitriões da noite foram os pernambucanos da Desalma com um Death/Grind instigado, brutal e barulhento, aquecendo o público para receber os gigantes do Ratos de Porão, que tocaram na sequência.

Ratos de Porão

Na estrada, desde 1981, os pioneiros do punk/hardcore no Brasil entraram no palco com todo o gás e dispararam clássicos como "Crucificados Pelo Sistema”, “Brasil", "Século Sinistro", "Beber até morrer”, “Caos”, “Igreja Universal”, “Crise geral”, entre outros hinos da banda. As músicas são um verdadeiro convite às tradicionais e instigantes rodas de pogo que sempre marcam a apresentação dos paulistas.

Como sempre, João Gordo (vocal), Jão (guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria) entregaram com muita competência o bom e velho som sujo, agressivo, com letras carregadas de críticas contra o sistema capitalista e todas as suas mazelas políticas e sociais.

Braga Netto

Faltando poucos minutos para o fim do show, um fã - que estava próximo ao palco - entregou a João Gordo um cartaz que exibia uma imagem do general Braga Netto atrás das grades. Ao exibir o cartaz no palco, João Gordo foi reverenciado pelo público.

Depois do Ratos, enquanto os músicos do Sepultura se preparavam para entrar em cena com um show devastador, os headbangers ansiosos para a apresentação mais esperada da noite gritavam, repetidas vezes, em uníssono: Sepultura! Sepultura! Sepultura.

Êxtase

Minutos depois, Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo), Derrick Green (vocais) e Greyson Nekrutman (bateria) subiram ao palco abrindo o set list com “Refuse/Resist”, primeira música do álbum Chaos A.D, um clássico gravado em 1993. O público foi ao delírio.

O que se viu foi uma explosão de energia que fez o Classic Hall tremer. Um sentimento indescritível. Enquanto todos cantavam, batiam cabeça e pulavam, a banda seguiu com outra pérola do Chaos A.D: “Territory”, um poderoso manifesto contra as injustiças sociais e políticas, principalmente aquelas relacionadas ao colonialismo e ao racismo. Os fãs cantaram com a banda do começo ao fim.

Outros hits dos álbuns “Morbid Visions” (1986), “Schizophrenia” (1987), “Beneath the Remains” (1989), “Arise” (1991) e “Roots” (1996) foram o ponto alto da noite. Emocionante. No meio do show, Andreas Kisser dedicou a música “Kayowas” ao amigo João Gordo, que voltou ao palco para participar de uma “jam” com os contemporâneos. Um espetáculo à parte, lindo de ver.

Performance

Durante 1h30, o repertório passou basicamente por todas as fases das quatro décadas da banda mineira. No palco, o que se viu foi uma performance extremamente vigorosa, refinada, agressiva e inesquecível.

Uma banda afiada, experiente e em profunda sintonia, digna de respeito e admiração de quem acompanha a sua trajetória desde o início e percebe que mesmo diante dos grandes desafios enfrentados, a banda se manteve firme, focada, se reinventando, preservando a sua integridade artística impecável.

O show de sábado revelou claramente que o Sepultura é um fenômeno, uma entidade viva, que atravessa o tempo e nunca morrerá. A banda mostrou que está em pleno vapor e isso confunde a legião de fãs que ficou surpresa com o anúncio do fim da trajetória do grupo. Ver o quarteto em ação traz um sentimento misto de êxtase, estranhamento e tristeza.

E por mais difícil que seja aceitar o fim da banda, o Sepultura escolheu o melhor momento para sair de cena, com o seu desempenho e potência máxima, ao contrário de outras bandas que adiam o encerramento de suas atividades e insistem em se manter no palco com shows mornos e sem graça. A banda deixará grande saudade.

Encerramento

A turnê “Celebrating Life Through Death” ("Celebrando a vida através da morte") vai rodar o mundo até 2026, quando a banda encerra de uma vez por todas. O Sepultura já tocou em mais de 80 países mundo afora. Nesta turnê, pretendem desbravar ainda mais territórios como, por exemplo, Islândia, Alaska, Malásia.

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