João Gomes, Jota.pê e Mestrinho levam "Dominguinho" a um Classic Hall lotado
Show do trio, que ganhou o Grammy Latino 2025, aconteceu na cidade onde tudo começou
A noite de sábado (29) carregava um significado muito além do que um simples rolê, especialmente para quem foi ao Classic Hall. Quando João Gomes, Mestrinho e Jota.pê subiram ao palco, Olinda não recebia apenas um show: recebia de volta “um filho” que ela mesma ajudou a parir.
Foi a primeira apresentação do projeto Dominguinho na cidade onde tudo começou — meses antes, no Sítio Histórico da Cidade Alta, eles gravaram o audiovisual que conquistou não somente o público brasileiro, mas, que também rendeu ao trio o Grammy Latino 2025.
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Em meio ao cenário brejeiro, com representações de casas do interior, eles adentraram o palco sob gritos e aplausos que tomavam todo o Classic Hall. Os ingressos para o show Dominguinho se esgotaram há cerca de duas semanas.
No início do show, logo três xodós do repertório: “Lembrei de Nós” e ‘“Beija-flor”, que eles cantaram sentados, como na gravação do audiovisual, mas, ainda era só o começo. Na terceira da sequência, “Arriadin por tu”, o trio deixou para trás os banquinhos e começaram a se movimentar no palco, desfiando inúmeros hits ao longo de duas horas de show.
Show
Exaltando sempre os artistas da terra, João Gomes lembrou de alguns compositores das canções do repertório de Dominguinho, como Kara Véia, autor de “Flor de Flaboyant”.
Incrível ver como os três conseguiram transportar o clima intimista do que se vê no audiovisual para espaços grandiosos, grandes casas de show, sendo cantados por milhares de pessoas, sem perder a atmosfera de uma boa roda de amigos.
Seja em trio ou individualmente – com Jota.pê cantando “Ouro Marrom”, João Gomes com “Meu Pedaço de Pecado” ou Mestrinho e seu xote “Eu e Você” – o carisma dos artistas, em especial João Gomes, quase um “namoradinho do Brasil”, é um trunfo do qual não há como fugir. Todo mundo acaba, mesmo que desavisadamente, cantando e sorrindo junto.
Nessa mistura fina de piseiro moderno, MPB e elementos da tradicional música nordestina, é ela quem ganha mais ênfase na sonoridade de Dominguinho. Tanto é que houve um bloco inteiro dedicado ao forró e seus inesquecíveis clássicos, como “Confidências”, “Anjo Querubim”, “Meu Cenário”, “Lembrança de um beijo”, “Onde Está Você”... e até mesmo “Severina Xique Xique”, notória na voz de Genival Lacerda.
O forró também misturou-se ao twist, em versões de “Velha Roupa Colorida” (Belchior), “Eu só quero um Xodó” (Dominguinhos/Anastácia) e “Dona da Minha Cabeça” (Geraldo Azevedo), criando um clima de baile dos anos 1960.
Apoteose
Após o momento da mensagem de paz e positividade de “Pontes Indestrutíveis” – versão entre o xote e o reggae da música da banda Charlie Brown Jr. – o Classic Hall se esbaldou na grande farra promovida por João Gomes, Jotas.pê e Mestrinho, que pareciam não querer mais sair do palco.
Naquele clima catártico que é, ao mesmo tempo, fim de festa e apoteose, o trio mandou uma sequência com “Descobridor dos Sete Mares”, “A Praieira” e “A Cidade”, “Não Quero Dinheiro” e até mesmo “Ana Júlia”, do Los Hermanos.
A sensação é de Dominguinho demorou a, finalmente, vir se apresentar em Olinda. Ao mesmo tempo, já fica a vontade de mais um show deles. Este primeiro soou como um reencontro entre obra, artistas e território.
Ali, no mesmo chão olindense que viu nascer o audiovisual premiado, João Gomes, Mestrinho e Jota.pê devolveram à cidade a energia que ela lhes deu — e Olinda recebeu tudo com o coração aberto e orgulhosa de ter sido ponto de partida desse projeto que já tem voos internacionais para 2026.

