Programação da TV Universitária mais perto da sociedade
Abrindo espaços para programas que dialogam com diversos públicos, a TVU vem cumprindo seu papel de incentivar a produção local e refletir mudanças sociais
O Núcleo de Rádio e TV da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vive a cada programa uma nova experiência de entrosamento entre produtores independentes locais, comunidade acadêmica e a sociedade em geral. E a TV Universitária está indo além do seu antigo perfil de laboratório para alunos dos cursos de Comunicação, fomentando uma programação própria onde a interação com diversos públicos só perde para a criatividade.
"Em tempos de ódio este programa é uma tela de esperança. Tem todo um recorte de identidade de gênero e orientação sexual para os bolsistas estarem representados. É uma conquista. Um espaço político muito importante", explica a coordenadora de programação da TVU, Clara Angélica.
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A equipe, formada por gays, transexuais, binários, entre outros gêneros, usa os nomes sociais e traz para a TV temas como saúde, direitos e entretenimento, sempre sob a ótica do universo LGBT. A diversidade também está na formação dos alunos, vindos de cursos de cinema, geografia, jornalismo, rádio e TV, ciências sociais e educação física.
"A gente tem uma TV que também forma e por isso faz todo sentido a multiplicidade de cursos, torna a experiência mais rica. Não temos reserva de mercado", revela Clara Angélica. Jornalista profissional com experiência como cineasta, ela afirma que a mudança para o digital, em junho do ano passado - no prazo programado para fim do sistema analógico nas capitais, trouxe um novo impulso para quem faz televisão.
Equipamentos que não devem nada às emissoras comerciais e vontade política dando mais importância ao Núcleo de Rádio e TV, segundo ela, trazem a certeza de que a televisão não pode morrer, nunca. "O futuro é a participação da sociedade, é ela refletida na tela, com suas lutas, batalhas e sonhos", prevê.
Programação em ebulição
Sempre oferecendo os programas locais à Rede Brasil, Clara Angélica vem emplacando na grade nacional produções que inovam em abordagens com um viés de gênero, mesmo que sutil, como o "Na Direção Delas", programa que reúne curtas dirigidos por mulheres, todas cineastas pernambucanas.
Gente experiente como Adelina Pontual, Déa Ferraz e Tuca Siqueira junto com estreantes que são apresentadas em entrevistas conduzidas por Nínive Caldas, antes do filme ser exibido. Focado em valorizar a poética nossa de cada dia, o interprograma "Poesia Viva" também entrará este mês na grade nacional com as versões adulto e kids, ambas com dois minutos, exibidas ao longo da programação.
No elenco, crianças e adultos lendo poesia num cenário negro, vestidos de branco. Podem ser ou não autores, a pedida da coordenadora é que as pessoas escolham "um poema da sua vida e venham dizê-lo na TV".
Na lista de programas próprios fica nítida a intenção de tornar a TV pública mais democrática e acessível a todos os públicos. Uma prova é o apoio à iniciativas como o "Jornal da Maré", produzido pelo grupo Caranguejo Uçá, formado por moradores da comunidade Ilha de Deus, no Recife. "Tentamos 'interferir' muito pouco no produto, que já está prontíssimo, dando alguns toques de direção", revela Clara Angélica, entusiasta da interatividade do programa, exibido aos sábados, às 15h.
A cadeia da música pernambucana, por sua vez, está sempre representada na grade da TVU. Os programas "Dois na Música", "Na Pisada",e "Texas" vêm apresentando e difundindo a produção local em diversos estilos e ritmos. Nas nossas festas tradicionais como o Carnaval ou o São João, a emissora faz seu papel de canal para divulgar nacionalmente os artistas do Estado, sejam nomes consagrados ou recém-descobertos.

