William Bonner se despede do Jornal Nacional aplaudido de pé por toda a redação: "Muito obrigado"
Depois de 29 anos, o jornalista deixa o comando do JN, e será substituído por César Tralli
Na noite desta sexta-feira (31), o Brasil ouviu pela última vez o eterno "boa noite" de William Bonner na bancada do Jornal Nacional. Após 29 anos, o jornalista se despediu dos cargos de âncora e editor-chefe do telejornal, em uma edição emocionante que já fica marcada na história do jornalismo brasileiro.
Bonner parte agora para novos desafios. Em fevereiro de 2026, ele estará no Globo Repórter, com Sandra Annenberg. César Tralli o substituirá como âncora do jornal, ao lado de Renata Vasconcelos, a partir da próxima segunda-feira (3/11).
No fechamento do jornal, Bonner enalteceu os 29 anos de trabalho, e agradeceu aos companheiros por toda a parceria. Ele foi aplaudido de pé pela redação do JN ao dizer seu último "boa noite" como âncora do telejornal.
“Chegou o dia! Dois meses atrás, eu disse que ia sair do Jornal Nacional e estou indo para o Globo Repórter. Estou concluindo esse ciclo. Na época da pandemia, me queixei da falta de tempo do que queria fazer para uma vida mais suave”, disse Bonner.
"Eu sou um cara de muita sorte. Tive em minha companhia grandes profissionais, e tive também muito aprendizado ao longo desses 29 anos de bancada. Agora, pela última vez, boa noite e muito obrigado", afirmou, antes de ser ovacionado.
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Colega de bancada de Bonner desde novembro de 2014, Renata Vasconcelos também aproveitou o momento para enaltecer a parceria com Bonner. "Gostaria de agradecer por esses 11 anos de parceria. Com você, aprendi o melhor da técnica, e vi o compromisso com a ética do trabalho e do jornalismo", afirmou.
"Estar na bancada do Jornal Nacional é abraçar a missão de informar o Brasil com um jornalismo formal, com isenção, responsabilidade e compromisso. É uma missão muito bonita, muito honrosa. Uma missão que uma grande equipe nos ajuda a fazer todos os dias. Há entrega, parcerias e autoconhecimento, porque aprendemos muito sobre nós mesmos", completou.
César Tralli
Já Tralli, que deixou a bancada do Jornal Hoje nessa quinta-feira (30) para assumir a cadeira no Jornal Nacional, agradeceu mais uma vez pela oportunidade. Ele participou do último bloco do programa, foi aplaudido por toda a redação, e recebeu uma homenagem especial de Bonner e Renata.
"Estou sereno. Passamos o dia juntos, nós três, um dia maravilhoso. Estou num estado de plenitude, muito feliz de estar com vocês nessa recepção maravilhosa. Estou muito feliz por estar aqui nesse momento histórico", afirmou.
Emocionado, Tralli também destacou a importância de chegar ao cargo após mais de 30 anos de profissão. "Tenho consciência de toda a responsabilidade que o Jornal Nacional representa na minha vida, e tenho completa convicção de que vou dar o meu melhor de honrar essa oportunidade de estar na bancada substituindo o William Bonner. Recebo com muita humildade essa oportunidade", pontuou.
Nervosismo na despedida
A despedida de Bonner foi muito bem humorada, apesar da clara emoção pelo último programa apresentado. Durante a conversa com Tralli e Renata, ele contou sobre a primeira vez que apresentou o JN ao lado de Cid Moreira.
À época, Bonner foi suplente de César Chapelin, e notou a calmaria de Cid Moreira. Intrigado, perguntou quando o apresentador deixou de ficar nervoso ao apresentar o jornal. "Ele respondeu 'nunca'", brincou Bonner.
"Passados 29 anos de bancada, estou nervoso. As pessoas mandam mensagens e eu digo "não tô, não tô". Mas agora, hoje, estou", disse, arrancando risos dos colegas.
Motivo da saída
O anúncio da saída de William Bonner da bancada do JN aconteceu no dia 1° de setembro. Na oportunidade, o apresentador explicou que a separação já vinha sendo trabalhada internamente há cinco anos. A decisão de partir foi motivada pelo desejo de ter mais tempo para a vida pessoal e para os filhos.
"É muito estranho falar de mim aqui no Jornal Nacional. Minha decisão tem cinco anos e surgiu quando a pandemia estava no auge", justificou, ao relembrar que naquela época um de seus três filhos estava de mudança para estudar em outro país. "Eu sentia que nos meus dias ficavam de fora coisas que eu gostaria de fazer. A conta não estava fechando", completou.
Carreira
Bonner, paulistano de 61 anos, estudou na Escola de Comunicação e Artes da USP. Sua carreira na Globo começou em 1986, quando foi contratado para apresentar o SPTV. Foi somente em 1996 que chegou à bancada do Jornal Nacional para tornar-se o âncora mais longevo da história do telejornal.
William Bonner na bancada do Jornal Nacional, em 2007. - Foto: TV Globo/DivulgaçãoDurante os 29 anos à frente do JN, William Bonner teve a oportunidade e desafio de reportar grandes momentos históricos do Brasil e do mundo. São exemplos as coberturas do 11 de setembro de 2001, diversas eleições presidenciais, além de sete Copas do Mundo e a pandemia de Covid-19, entre 2020 e 2021.
Tão logo admitido na emissora, começou testes para apresentar um telejornal local. Pouco depois, já estava na bancada do "Jornal de Amanhã", em rede nacional.

