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51% dos lares no Nordeste seguem sem internet

Comitê Gestor da Internet no Brasil diz que, apesar da alta no número de conexões, só 28 milhões de nordestinos estão conectados. É a metade do total de usuários do Sudeste

Novas regras buscam reduzir burocracia na aquisição de bens e serviços de informática e reduzir possibilidade de fraude   Novas regras buscam reduzir burocracia na aquisição de bens e serviços de informática e reduzir possibilidade de fraude  - Foto: Pixabay

Acessar a internet parece ter se tornado algo corriqueiro na vida dos brasileiros. No Nordeste, contudo, não é bem assim. Pesquisa divulgada nessa terça-feira (24) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelou que, apesar do crescimento no número de conexões, a maior parte dos domicílios da região (51%) ainda não tem acesso à internet. Isso quer dizer que 28 milhões de nordestinos estão conectados - número que corresponde à metade dos usuários registrados no Sudeste. E, segundo a população, o maior responsável por essa "exclusão digital" é o preço cobrado pelo acesso à rede.

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“Ainda existe uma desigualdade muito grande no acesso à tecnologia. Por mais que o celular tenha popularizado o uso da internet entre a população mais pobre, nem todos os domicílios brasileiros estão conectados, sobretudo os de baixa renda e os da zona rural. Afinal, a internet nem sempre cabe no bolso da população e nem sempre chega à área rural”, admitiu o coordenador da Pesquisa TIC Domicílios, Winston Oyadomari, dizendo que é por conta disso que o Norte e o Nordeste seguem distantes do Sul/Sudeste no que diz respeito à democratização do acesso virtual. O Norte, porém, é mais atingido pela questão do difícil acesso à área rural. Já o Nordeste é afetado principalmente pelo preço da conexão.

Na região, 62% dos entrevistados pelo CGI.br disseram achar o acesso à internet muito caro. Esse também foi o motivo principal para a falta de conexão em 31% dos domicílios que continuam fora do mundo virtual no Nordeste. E mesmo quem já aderiu à internet, seja por meio da banda larga ou da conexão móvel, se mostrou disposto a pagar o mínimo possível por esse serviço na região. Segundo a pesquisa, 63% dos domicílios nordestinos que estão conectados não pagam mais que R$ 60 por mês pela internet. No Sudeste, porém, 52% das residências conectadas pagam mais que isso.

Outro indicador que mostra as barreiras financeiras da tecnologia é o baixo uso de computadores. Segundo a TIC Domicílios 2017, só 33% dos domicílios nordestinos têm um computador, seja ele desktop ou notebook. Por isso, é por meio do celular que a maior parte dos moradores da região acessam a rede. Essa realidade, porém, não é exclusiva do Nordeste. Segundo a TIC Domicílios 2017, metade da população que está conectada no País - cerca de 58,7 milhões de brasileiros - já acessa a internet exclusivamente pelo smartphone. Foi a primeira vez que este número superou o daqueles que combinam diferentes fontes de acesso à internet, como o celular e o computador. "Hoje, só quem pode pagar por esse dispositivo são as classes sociais mais altas. A baixa renda fica, então, restrita à conexão móvel”, explicou Oyadomari.

Por outro lado, lembrou o pesquisador, a possibilidade de acessar a internet pelo celular, sobretudo através de pacotes pré-pagos ou conexões gratuitas de Wi-Fi, tem ajudado a popularizar a internet no País. No Nordeste, por exemplo, a falta de acesso já foi muito maior: há apenas um ano, 60% dos domicílios da região não tinham internet. Hoje, esse número é de 49%. No Brasil como um todo, 61% das residências brasileiras (42,1 milhões de lares) já têm acesso à internet. Em 2016, essa participação era de 54%.

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