Ter, 23 de Dezembro

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FRAUDE NO INSS

AGU exclui Contag, sindicato com irmão de Lula como diretor, em pedidos de bloqueios de recursos

Associações foram alvos de medidas judiciais em abril, quando PF deflagrou operação; sindicatos negam irregularidades

Prédio do Instituto Nacional do Seguro SocialPrédio do Instituto Nacional do Seguro Social - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Advocacia-Geral da União ( AGU) deixou de fora dos pedidos de bloqueio de recursos e quebra de sigilo quatro associações que foram alvos de medidas judiciais quando a Polícia Federal (PF) deflagrou, em abril, a operação contra descontos indevidos e aposentadorias e pensões do INSS.

A operação, chamada Sem Desconto, apura como associações usaram dados de segurados do INSS para aplicar cobranças mensais — parte delas supostamente sem autorização — diretamente nas aposentadorias.

Nesta quinta-feira (8), o governo informou que pediu bloqueio de bens e quebra de sigilo de algumas associações, totalizando R$ 2,6 bilhões, com vistas a ressarcir quem teve prejuízos.

Em nota, o órgão informou que a decisão de ajuizar a ação cautelar teve como base apuração administrativa aberta pelo INSS no dia 5 de maio, e considerou “material probatório robusto” previsto na Lei Anticorrupção, como uso de entidades de fachada, com laranjas, e pagamentos de propina a agentes públicos. O órgão disse ainda que outras medidas judiciais poderão ser adotadas no futuro, conforme o avanço das investigações.

Uma das entidades que ficaram de fora dos pedidos foi a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). A associação é a que mais recebe com desconto.

Foram R$ 426 milhões em 2023, segundo a Controladoria-Geral da União. Procurada, a entidade disse que está à disposição para colaborar com as investigações e que entregou todos os documentos solicitados. “Destaca, ainda, que nenhum dos seus associados foi lesado com descontos irregulares relativos aos benefícios previdenciários concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social”.

A AGU também deixou de fora da lista de pedidos a Conafer, que teve receita de R$ 202,3 milhões em 2023, de acordo com a CGU e também estava entre as entidades que foram alvos de medidas judiciais em abril. Procurada, a Conafer não se manifestou.

Outra entidade que também foi alvo de medidas em abril foi o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cuja arrecadação somou R$ 90 milhões em 2023.

A entidade tem como diretor vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota divulgada na semana passada, o sindicato disse que foi o autor de denúncia sobre irregularidades e que, por isso, apoia as investigações.

"Nossa atuação idônea e transparente se expressa na concessão de inúmeros benefícios aos nossos quase 300 mil associados", afirma o sindicato. "O aumento da arrecadação é fruto direto do crescimento do número de associados e da qualidade dos benefícios que oferecemos".

Também consta na lista de medidas judiciais de abril a ABCB/Amar Brasil. A AGU não representou, nesta semana, pedindo bloqueio de bens. A entidade informou por e-mail que qualquer esclarecimento deve ser tratado diretamente com seu advogado. O advogado, no entanto, não retornou à tentativa de contato da reportagem.

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