Ter, 09 de Dezembro

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"Ainda bem que temos a China", diz Lula, apontando-a como alternativa na corrida tecnológica

Presidente diz à revista americana The New Yorker que não vai aceitar 'uma Segunda Guerra Fria'

Presidente LulaPresidente Lula - Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiou o avanço econômico e tecnológico da China, aponto-a como fonte de avanços na inteligência artificial, e disse que não vai aceitar uma “nova Guerra Fria”, em alusão à tensão comercial e na área de tecnologia entre chineses e americanos. As declarações foram dadas à revista americana The New Yorker nesta quinta-feira.

Após voltar à Casa Branca, Donald Trump iniciou uma guerra tarifária com seus parceiros comerciais, especialmente a China. Os produtos do país asiático são taxados em até 145%. Em retaliação, os chineses passaram a tributar as importações americanas em até 125%.

— Precisamos dizer: ainda bem que temos a China, que, do ponto de vista tecnológico, é muito avançada e pode competir no mundo tecnológico da inteligência artificial, nos dando uma alternativa nesse debate — afirmou Lula.

Ele defendeu um mundo em que as grandes potências pudessem competir sem recorrer à guerra, e no qual cooperassem mais estreitamente em prioridades como a fome e as mudanças climáticas.

Em sua visão, a hostilidade das potências ocidentais em relação à China tem sido motivada pelo comércio, e não por violações de direitos humanos ou ameaças de invasão a Taiwan.

Lula lembrou que a China avançou na área tecnológica "copiando tudo com muita habilidade" e que "aprendeu a produzir tão bem ou até melhor". Por isso, disse, "agora que os chineses se tornaram competitivos, tornaram-se os inimigos do mundo".

— E nós não aceitamos isso. Não aceitamos a ideia de uma segunda Guerra Fria. Aceitamos a ideia de que, quanto mais semelhantes forem os países — tecnológica e militarmente avançados —, mais eles devem conversar entre si, porque não tenho certeza se o planeta aguentaria uma Terceira Guerra Mundial.

Pouco antes da conversa com o repórter, o governo dos Estados Unidos (EUA) havia anunciado uma tarifa de 25% sobre o aço brasileiro, em abril. No momento, o governo brasileiro negocia o fim dessa tarifa com Washington.

Lula disse à revista que os EUA tiveram um superávit comercial de US$ 7 bilhões com o Brasil no ano passado, incluindo as importações de aço.

— O que os EUA importam do Brasil, eles transformam e depois exportam de volta para o Brasil. É uma via de mão dupla, então, acho que isso será prejudicial para os EUA. Da nossa parte, queremos negociar diplomaticamente. Se não houver possibilidade, tomaremos providências.

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