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JATOS AIRBUS

Entenda a falha ligada à radiação solar que obrigou Airbus a correr para atualizar milhares de A32

Em comunicado no Linkedin, Guillaume Faury, CEO da Airbus, pediu desculpas às companhias aéreas e passageiros

Jatos da Airbus A320 passaram por atualização em seus softwaresJatos da Airbus A320 passaram por atualização em seus softwares - Foto: AFP

Uma operação de urgência mobilizou a Airbus nos últimos dois dias para realizar uma atualização crítica de software em milhares de jatos da família A320.

A medida foi necessária para mitigar um risco de segurança recém-descoberto, que poderia comprometer o controle das aeronaves. Embora a grande maioria da frota já tenha sido reparada, cerca de 100 aviões permanecerão em solo por mais tempo.

A origem da falha foi descoberta após um incidente em outubro com a companhia americana JetBlue. O problema técnico veio à tona após a análise da aeronave que viajava de Cancún (México) para Newark (EUA).

Durante o trajeto, o avião iniciou uma descida brusca sem comando dos pilotos, resultando em ferimentos em passageiros e exigindo um pouso não programado em Tampa, na Flórida.

As investigações da Airbus revelaram que o sistema ELAC (Elevator and Aileron Computer) — computador responsável por gerenciar os elevadores e ailerons, essenciais para a estabilidade do voo — teve dados vitais corrompidos.
 



A causa apontada foi inesperada: a interferência de radiações solares intensas nos componentes eletrônicos.

No contexto da aviação, esse fenômeno refere-se à emissão de partículas de alta energia pelo Sol — como prótons e elétrons — que bombardeiam constantemente a Terra.

Embora a atmosfera proteja a superfície, em altitudes de cruzeiro a blindagem natural é menor, permitindo que essas partículas subatômicas atravessem a fuselagem e atinjam componentes eletrônicos sensíveis

O choque dessas partículas com os microchips pode alterar o estado binário de um dado (trocando um zero por um um), gerando erros de lógica nos computadores de bordo que, neste caso específico, comprometeram o controle da aeronave.

Diante da gravidade do diagnóstico, a fabricante recomendou a paralisação imediata de 6.000 aeronaves do modelo, o jato comercial mais vendido do mundo, para a substituição do programa vulnerável.

O impacto operacional foi variado ao redor do globo: na América Latina, a colombiana Avianca enfrentou transtornos severos, com mais de 70% de sua frota afetada e a suspensão da venda de passagens até o dia 8 de dezembro, enquanto no México, a Volaris e a Viva Aerobús reportaram atrasos.

Já na Europa e nos Estados Unidos, apesar do feriado de Ação de Graças, companhias como Lufthansa, EasyJet, United e American Airlines conseguiram gerenciar a crise com impacto limitado, mantendo a maioria de seus voos.

O ministro francês dos Transportes, Philippe Tabarot, adotou um tom tranquilizador neste sábado, confirmando que o cenário inicial, que previa até mil aviões parados por longo prazo, foi drasticamente reduzido.

Em comunicado oficial, o CEO da Airbus, Guillaume Faury, pediu desculpas sinceras às companhias aéreas e aos passageiros, reiterando que a segurança é a prioridade absoluta para as milhões de pessoas que utilizam diariamente os cerca de 9.400 jatos da família A320 em operação no planeta.

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