Alckmin diz que taxa de juro de 15% já tem condições de cair com inflação em queda e dólar em baixa
Vice-presidente afirmou que preço dos alimentos já ficaram mais baratos com safra recorde
Na semana em que o Banco Central manteve a taxa Selic em 15%, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que a taxa Selic já tem condições de cair, considerando que a inflação está em queda e o dólar recuou de R$ 6,30, no final de 2024, para os atuais R$ 5,40. Alckmin disse que o juro no atual patamar atrapalha o investimento.
— Tem inflação em queda, abaixo do teto da meta. E as causas da inflação, quais foram? Primeiro, o dólar estava em R$ 6,30 e reduziu para 5,40. Essa foi uma das razões da inflação. A outra razão da inflação foi alimento. Tivemos uma seca muito forte, queda de safra e aumento de preços. O clima ajudou, a safra foi recorde, e o preço caiu. A inflação de alimento está 2%. Então não tem justificativa para você ter a segunda maior taxa de juros do mundo — disse.
Alckmin participou do oitavo Seminário Internacional de Líderes, realizado nesta sexta em São Paulo, com CEOs e lideranças do Brasil, Argentina e outros países da região para debater temas como inteligência artificial, competitividade, futuro do dinheiro, inovação e novas oportunidades de investimento.
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O vice-presidente afirmou que, com o juro no atual patamar, quem precisa de capital para investir, segura. Ele disse que isso também atrapalha os consumidores, as famílias que estão endividados, além de impactar a dívida pública, já que cada um ponto percentual da Selic custa R$ 52 bilhões por ano ao governo para rolar a dívida.
— Isso tem um custo para a dívida pública, então não tem sentido você ter a segunda taxa de juros do mundo com a inflação em queda e as causas da inflação em queda, que foi alimento e dólar — afirmou.
Mercosul completa 40 anos
Alckmin lembrou que o Mercosul completa 40 anos e disse que o bloco assinou recentemente novos acordos de comércio com Cingapura, com países que compõem aAssociação Europeia de Livre Comércio (EFTA, na sigla em inglês), bloco formado por Noruega, Islândia e Liechtenstein. Ele afirmou que a expectativa é assinar o acordo Mercosul-União Europeia, no próximo dia 20, mas lembrou que a França ainda tenta adiar a assinatura para janeiro. Alckmin disse que a Europa tem receio do acordo por conta da competitividade do agronegócio brasileiro.
— O Mercosul ficou 13 anos sem assinar novos acordos e quando isso acontece, há retrocesso, porque outros países ocupam esse lugar — criticou.
Alckmin afirmou que existem oportunidades de negócios entre os países do Mercosul, especialmente com a Argentina, em gás natural, além de produtos da agroindústria de maior valor agregado.
— Em vez de vender cana, vender etanol ou biodiesel. No setor automotivo, por exemplo, temos novas rotas tecnológicas com o carro elétrico, híbrido e flex — afirmou.
México e Estados Unidos
O vice-presidente disse que o Brasil continua negociando tarifas com os Estados Unidos, e também está conversando com o governo mexicano, que vai aumentar as tarifas de importação para produtos do Brasil e outros onze países a partir de 2026.
— Estivemos no México e foi feito o entendimento para aumentar as chamadas linhas tarifárias de preferência. Nós temos com o México o número de linhas tarifárias de preferência pequeno. Então, esse trabalho está em curso. Nós defendemos multilateralismo e vamos trabalhar junto ao México no sentido de ter mais complementariedade econômica— disse o vice-presidente, lembrando que as exportações brasileiras cresceram 9,1% em outubro e que o Brasil abriu 500 novos mercados.
O vice-presidente afirmou que 2026 começa com um momento geopolítico complexo mundialmente, com mais protecionismo econômico, e que o crescimento das economias não é um espetáculo, mas que a tendência é melhorar com o fim da guerra entre Rússia e Ucránia, menos tensões na Faixa de Gaza.
— No Brasil, temos um copo meio cheio e meio vazio. O copo meio cheio é a queda da inflação. E o copo meio vazio é a alta taxa de juros — explicou.

