Após crescer 2,1% em 2023, avanço da economia da América Latina desacelerará para 1,6%, diz BID
Há incertezas sobre em que patamar os juros vão estacionar nos países latino-americanos. Se o BC dos EUA não baixar a taxa, há risco de fuga de capitais e valo
A surpresa positiva com o desempenho da economia em 2023, vista no Brasil, se espalhou por toda a América Latina e o Caribe, com um crescimento agregado de 2,1%, mas a incerteza sobre o nível no qual as taxas de juros poderão estacionar puxará a desaceleração esperada para este ano, quando o avanço deverá ser de 1,6%.
O cenário está traçado no relatório macroeconômico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de 2024, lançado nesta segunda-feira (11), após o encerramento da reunião anual da Assembleia de Governadores da instituição multilateral.
Nas estimativas dos economistas do BID, o crescimento econômico agregado dos 26 países da América Latina e do Caribe foi de 2,1% em 2023, ante uma estimativa de 1,0% no início do ano passado. Além do Brasil, a surpresa positiva veio do México.
Conforme o relatório do BID, o bom desempenho da economia global, com destaque para os EUA, que também cresceram acima do inicialmente esperado, foi o principal responsável pelo impulso adicional na economia latino-americana.
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Segundo Eric Parrado, economista-chefe do BID, a incerteza sobre o nível no qual as taxas de juros poderão estacionar será a principal variável a ditar o ritmo da desaceleração ao longo deste ano também por causa dos EUA.
"O início do ciclo de baixa nas taxas de juros dos EUA deverá ficar para o segundo semestre. Por isso, nossos bancos centrais deverão ter mais cuidado" afirmou Parrado, que é chileno.
De acordo com o economista, os bancos centrais dos países da América Latina se destacaram perante seus pares porque logo começaram a elevar seus juros, em reação à inflação elevada que se espalhou por todos os países numa segunda fase da crise causada pela Covid-19, a partir do fim de 2020.
Por causa dessa antecipação, as autoridades monetárias latino-americanas agora podem baixar seus juros, como ocorre no Brasil.
A questão, segundo Parrado, é que, após esse vaivém nas taxas básicas, a diferença entre os juros dos países da América Latina e dos EUA já está de volta ao padrão histórico. Isso significa que, para baixar mais, é preciso que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) comece a baixas suas taxas.

