Após "divórcio iminente" na Azzas, Jatahy e Birman selam acordo de paz
Conselho de administração da companhia terá novo presidente e menos membros
Perto de um ano após selar a fusão dos grupos Soma e Arezzo, a Azzas 2154 chega a um acordo para pacificar desavenças entre seus principais executivos, Roberto Jatahy e Alexandre Birman. A paz foi selada com uma mudança na alta governança da companhia, que inclui a indicação de Nicola Calicchio Neto para a presidência do conselho de administração e uma proposta de redução de membros desse colegiado de nove para sete.
Em comunicado divulgado ao mercado nesta segunda-feira, a Azzas afirma que Jatahy e Birman, acionistas de referência da companhia, “alinharam-se em visão estratégica de longo prazo”, abrindo caminho para a fusão avançar.
Desde a oficialização da união, em agosto de 2024, o mercado acompanhava a dificuldade dos dois executivos caminharem de mãos dadas. Em março, fontes próximas a eles e à companhia avaliavam que a fusão havia desandado e que a situação era de um “divórcio iminente”.
Desvenças
No centro da desavença estaria o que as fontes chamaram de “incompatibilidade de estilos de gestão” dos dois executivos. Birman segue uma conduta mais centralizadora, voltada para resultado e de olho aberto ao mercado financeiro, enquanto Jatahy é mais atento à eficiência no back office, um gestor que atua de forma mais compartilhada e que dá autonomia aos líderes criativos das marcas, disseram essas pessoas ligadas ao Azzas.
Quando a desarmonia nos bastidores da gestão do grupo foi noticiada, as ações da Azzas chegaram a tombar mais de 10% em 14 de março, levando a uma perda em valor de mercado de mais de meio bilhão de reais em um único dia.
Apenas quatro dias depois a companhia se pronunciou formalmente sobre o assunto que movimentava o varejo e o mercado financeiro, frisando que não havia discussão em andamento sobre compra de participação, cisão ou segregação de negócios da companhia. E que Birman e Jatahy ‘‘dialogam constantemente sobre aprimoramento na governança da Azzas 2154’ e que ‘tais conversas podem culminar em eventuais ajustes no acordo de acionistas vigente’.
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O novo conselho
Os ajustes chegaram. Calicchio Neto fez carreira na consultoria McKinsey. Depois, passou a se dedicar à atividade de consultor em conselhos de diversas companhias, a exemplo de MRV, Hapvida NotreDame Intermédica e Cimed. E é visto agora como mediador entre as lideranças de Soma e Arezzo.
Ele assume a cadeira de Pedro Parente — ex-presidente da Petrobras e da BRF —, que renunciou ao cargo. O executivo foi indicado para o comando do board ainda antes do sinal verde do Cade para a fusão. E reforçava um encaminhamento ancorado em finanças ao conselho.
Guilherme Benchimol, CEO da XP, banco de investimento que atuou como assessor da integração de Arezzo e Soma, também estava no colegiado. Ele deixou o cargo em maio, tendo sido substituído por André de Vivo. O economista Marcel Sapir, que já é membro do conselho da Azzas foi indicado para a vice-presidência do órgão.
Deixam o colegiado Ernesto Bologna e Anna Chaia. Ambos seguirão, porém como consultores em suas especialidades. Portanto, ele em assuntos relacionados a recursos humanos e ela aos de estratégia de marca.
Todas as mudanças deverão ser aprovada em assembleia geral extraordinária de acionistas.

