Após tarifaço de Trump, manga e uva já tiveram queda de preço na prévia da inflação
Enquanto alguns economistas acreditam que seja cedo para cravar impactos das tarifas, outros veem que o cenário externo pode ter sustentado a baixa
Frutas como a manga e a uva, que estão entre as principais exportadas do Brasil para os Estados Unidos, já apresentaram queda de preço nos dados do IPCA-15 do mês de agosto, divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (26), após serem alvo da imposição de tarifas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
A manga, que vinha tendo fortes altas desde o início do ano e chegou a 5,62% no mês de julho, foi o alimento cujo preço mais caiu no índice de agosto, com queda de 20,99%.
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Embora alguns economistas acreditem que ainda tenha pouco tempo de vigência das tarifas para cravar seu impacto nos números do mês, Matheus Dias, economista do FGV Ibre, já vê relação entre os fenômenos.
— O histórico do mês mostra que essa época já costuma ter queda significativas no preço da manga, pois é onde tem maior disponibilidade de oferta. Então acredito que já teríamos quedas, mas o tarifaço foi importante para sustentar as quedas de preços internamente. No mesmo período do ano passado, a queda de preço não chegou a 10%, enquanto esse ano chegamos a registrar 20% — explicou.
Já no caso da uva, a fruta já vinha apresentando quedas nos preços em junho e julho, de 1,88% e 4,28%, respectivamente. Mas essa queda foi intensificada em agosto, chegando a 6,61%. Matheus explica que o tarifaço veio justamente em um momento que já é de safra robusta e de maior janela de exportações da uva, o que faz com o que o mercado fique com oferta excedente e os preços caiam.
Por outro lado, André Valério, economista sênior do Inter, acredita que ainda não é possível concluir que a queda no preço tem relação com as tarifas.
— Estamos vendo o nível de exportação de uva e manga dentro da normalidade, com manga acelerando. Então difícil afirmar que há um redirecionamento para o mercado interno — disse ele

