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Banco Central divulga a Ata do Copom com novos sinais sobre a queda dos juros

Mercado financeiro estima que a Selic termine 2024 abaixo de 10%

Banco CentralBanco Central - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O Banco Central divulgou na manhã desta terça-feira a Ata do Copom da reunião que reduziu a Selic em meio ponto percentual, de 12,25%, para 11,75%, na semana passada. O documento - sempre divulgado na semana seguinte - traz novas explicações e indicações sobre a política dos juros.

Esse é o menor patamar de juros desde março de 2022. Foi a quarta redução consecutiva da Selic, que começou a cair do nível de 13,75% ao ano partir da reunião de agosto.

O Banco Central já anunciou ao mercado financeiro que os juros vão cair em mais meio ponto nas próximas reuniões, o que indica pelo menos mais dois cortes nessa intensidade, nos encontros de janeiro e março.

"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", disse o BC no comunicado da decisão.

O Comitê de Política Monetária (Copom), formado pelos diretores do BC, se reúne a cada 45 dias. A reunião da Ata divulgada hoje foi a última de 2023.
 

Conjuntura favorável
A política monetária vem refletindo a queda da inflação medida pelo IBGE, mas também a redução das expectativas, medidas pelo Boletim Focus. No cenário internacional, também há uma conjuntura de queda sincronizada da inflação em queda nas principais economias.

Um fator decisivo para o início do ciclo de cortes foi a manutenção da meta de inflação de 2026, em 3%, em junho deste ano. Sem essa incerteza, o BC começou a cortar a taxa na reunião seguinte, em agosto.

Selic em um dígito no fim de 2024
Pelas projeções do Boletim Focus, a Selic teve terminar o ano de 2024 em 9,25%. Na semana passada, o IBGE divulgou o IPCA de novembro, que ficou em 0,28%, abaixo dos 0,41% do mesmo mês do ano passado. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses caiu de 4,82% para com 4,68%, já dentro do intervalo de tolerância da meta.

Das 16 capitais pesquisadas pelo IBGE, metade já está com a inflação da meta: Rio de Janeiro (3,97%), Campo Grande (4,71%), Goiânia (3,94%), Fortaleza (4,64%), Curitiba (4,69%), Salvador (4,01%), Recife (3,86%) e São Luís (2,28%).

Desde o início do ano, a expectativa de inflação para 2023 caiu de 5,3% para 4,5%, ou seja, passou a ficar dentro da margem de tolerância da meta, que é de 3,25% com 1,5 ponto percentual de margem, para cima ou para baixo. Para 2024, houve ligeira piora, de 3,62% para 3,92%, também dentro da meta, e para os anos seguintes a projeção está "ancorada" em 3,5%, para um centro de meta de 3%.

BC americano ajuda
Na semana passada, o Banco Central americano, Fed, manteve a taxa de juros inalterada, no intervalo entre 5% e 5,25%. O comunicado do banco foi considerado mais "leve" do que o previsto o mercado, o que ajudará a condução da política monetária no Brasil.

Quanto mais cedo os juros caírem mais lá, mais confortável fica o BC brasileiro a cortar a Selic aqui. Isso por causa do chamado "diferencial de juros". Se a taxa por aqui fica muito mais alta do que a dos EUA, dólares vêm para o Brasil em busca de rentabilidade, o que fortalece o real e ajuda no combate à inflação.

Segundo o economista-chefe do G5 Partners, Luis Otávio Leal, o Fed reduziu as projeções de inflação de 5,1% para 4,6%, em 2024, de 3,9% para 3,6% em 2025, permanecendo em 2,9%. em 2026.

"Apesar de não ser uma surpresa a manutenção dos juros, podemos dizer que o resultado do FOMC foi surpreendentemente dovish. A percepção do FED, tanto com relação ao crescimento, quanto com a inflação foi mais benigna", disse Leal em uma rede social.

Essa visão pode ajudar o BC brasileiro a acelerar os cortes de juros, segundo ele.

"Os mercados responderam a contento a esse novo cenário dos juros nos EUA que pode deixar o BCB mais a vontade para deixar a porta aberta para uma aceleração do ritmo de cortes dos juros", afirmou.

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