Banco Master diz que compra pelo BRB não é ''uma necessidade''
Paulo Gala, economista-chefe da instituição, diz que transação é ''uma oportunidade de negócio interessante''
O Banco Master, banco de rápido crescimento que anunciou um controverso acordo de aquisição, vê a transação como “uma oportunidade de negócio interessante, e não uma necessidade”, segundo seu economista-chefe, Paulo Gala.
A possível fusão com o BRB, banco controlado pelo governo de Brasília, traz benefícios, já que o BRB possui financiamento mais barato e uma rede de agências, enquanto o Master é totalmente digital, criando a nona maior instituição financeira do Brasil.
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“Por outro lado, o Master é mais rentável”, disse ele, acrescentando que os ativos com liquidez do banco atualmente são suficientes para cobrir os passivos de curto prazo.
Os investidores estão se desfazendo dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) do Banco Master depois que o banco anunciou em março que tinha fechado em acordo de compra pela BRB. A oferta total desses títulos ultrapassou R$ 10 bilhões nas plataformas de varejo da XP e do BTG Pactual na quinta-feira.
Críticos do acordo dizem que ele equivale a um resgate governamental de um banco que foi autorizado a assumir riscos excessivos por muito tempo.
Para aumentar sua carteira de crédito em 86%, em média, ao ano, o Master tomou dinheiro emprestado de investidores pessoas físicas, contando fortemente com um incentivo oferecido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante o pagamento de CDBs no Brasil em até R$ 250.000 por pessoa física e por banco.
Gala afirmou que “há uma demanda explosiva por CDBs da Master”, porque eles continuam sendo garantidos pelo FGC e estão pagando juros de cerca de 150% do DI no mercado secundário.
Os CDBs do Master são “um investimento espetacular, com risco zero”, disse ele.
Gala afirmou que plataformas de varejo e agentes autônomos de investimento têm feito “fortunas” vendendo CDBs da Master, porque recebem uma porcentagem dos retornos do título.
Ele disse que é “normal” para um banco de investimento assumir riscos e acrescentou que o Banco Master tem cerca de R$ 9,3 bilhões em precatórios em seu balanço, além de participação em pequenas e médias empresas.
Para ele, o Banco Master é uma história de sucesso, que só aconteceu no Brasil porque nos últimos dez anos existe um ecossistema de bancos pequenos e médios vendendo títulos com garantia do FGC por meio de plataformas de varejo, que “são essenciais para isso”.
Segundo Gala, o FGC é “uma ferramenta essencial para fomentar a concorrência e quebrar esse monopólio no Brasil, em que 5 bancos concentram 80% dos ativos”.
Se a operação do BRB for bem-sucedida, será criado o nono maior conglomerado bancário no Brasil, com mais de R$ 100 bilhões de reais em ativos, disse.
“E isso incomoda muitos bancos grandes”, afirmou Gala.

