Sáb, 20 de Dezembro

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NEGÓCIOS

BRB confirma redução de negócio com Master a R$ 24 bi e diz que conglomerado terá R$ 100 bi em ativo

Fato relevante ainda afirma que atuais controladores do banco privado "não deterão poderes políticos nem participarão da gestão" do novo grupo

Banco MasterBanco Master - Foto: divulgação

O BRB confirmou nesta sexta-feira que o perímetro da operação de compra do Banco Master foi reduzida para R$ 24 bilhões, o que dará origem a um conglomerado prudencial com aproximadamente R$ 100 bilhões em ativos. As informações foram divulgadas em fato relevante.

Além disso, o banco público confirmou que os atuais donos do Master "não deterão poderes políticos nem participarão da gestão" do novo grupo de controle. A permanência de Daniel Vorcaro, dono do Master, no controle causava desconforto no mercado e dentro do próprio Banco Central, que analisa a viabilidade da operação, porque era considerada uma espécie de "premiação" à conduta do executivo à frente da instituição.

A operação prevê a aquisição de 58,04% do capital social total do Banco Master pelo BRB, sendo que 49,0% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais. O banco público pagará 75% do patrimônio líquido consolidado, ajustado pela baixa de ativos.

A redução do tamanho do negócio aconteceu após diligência realizadas pelo BRB. Após a análise ficou definido que aproximadamente R$ 51,2 bilhões em ativos e passivos serão excluídos da operação. Inicialmente, esse valor era de cerca de R$ 25 bilhões.

O fato relevante ainda traz o detalhamento dos ativos e passivos que ficarão de fora do negócio. Do lado do ativo, foram retirados precatórios no total de R$ 9,43 bilhões, R$ 7,59 bilhões em operações de crédito concentradas ou sem garantias reais, determinados fundos de investimento em direitos creditórios e ações no total de R$ 19,48 bilhões, certificados de recebíveis imobiliários de R$ 2,47 bilhões, exclusão de R$ 12,28 bilhões em outros créditos, incluindo recebíveis de ativos judiciais e posições cujas contrapartes não foram avaliadas.

Do lado do passivo, além de depósitos interfinanceiros entre empresas do conglomerado Master, foram excluídos aproximadamente R$ 33 bilhões de Certificados de Depósitos Bancários (“CDBs”) que são depósitos a prazo distribuídos por plataformas de investimento e cujo custo de captação é próximo a 120% da taxa de Depósito Interfinanceiro (“CDI”).

O trabalho de auditoria apontou, ainda, ajustes de R$ 601,9 milhões no patrimônio líquido, concentrados em exposições tributárias, trabalhistas e valores a receber que serão liquidados antes da conclusão da aquisição. Além disso, os acionistas do Banco Master reforçaram as provisões de crédito em cerca de R$ 2 bilhões, elevando a cobertura sobre a carteira de crédito.

O plano de negócios prevê que a aquisição de participação no Banco Master permite ao BRB acrescentar aproximadamente R$ 1,5 bilhão ao seu resultado do quinquênio, permitindo a entrega de um resultado superior a R$ 2,7 bilhões em 2029.

Com base nas projeções efetuadas, estima-se lucro líquido de R$ 1,254 bilhão este ano, R$ 1,251 bilhão em 2026, R$ 2,375 bilhões em 2027, R$ 2,639 bilhões em 2028, e R$ 2,704 bilhões em 2029.

Para a conclusão da operação, faltam a aprovação pelo Banco Central, a finalização da Reorganização Societária do Banco Master e a realização de auditoria confirmatória do preço, com a devida avaliação dos ativos e passivos pelo BRB e auditoria independente no momento do fechamento.

Nesta semana, a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou a aquisição de instituições financeiras pelo BRB, exigência da Justiça para a finalização da operação.

Contexto
A operação entre os dois bancos está envolta em polêmicas, já que o banco adotava estratégia que se baseava em captações via CDBs com retornos bastante acima da média do mercado, com a salvaguarda do Fundo Garantidor de Créditos. Por outro lado, os ativos para fazer frente a esses compromissos são em parte ilíquidos, como os precatórios e a participação em empresas em crise.

Nesse caso, se o Master entrasse em crise, o FGC, que é formado com contribuições das instituições financeiras associadas, teria de arcar com um volume relevante de ressarcimento para pessoas físicas com aplicações de até R$ 250 mil de pessoas físicas.

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