Ter, 23 de Dezembro

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Colômbia

Briga do presidente da Colômbia com o "vampiro" FMI faz títulos do país caírem

Bônus em dólares da Colômbia tiveram desempenho inferior ao da dívida soberana de mercados emergentes antes de reduzirem as perdas

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, durante cerimônia militar em Bogotá O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, durante cerimônia militar em Bogotá  - Foto: Raul Arboleda / AFP

Os títulos de dívida da Colômbia caíram no mercado financeiro depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) suspendeu o acesso a uma linha de crédito de US$ 8,1 bilhões, aumentando as preocupações sobre o crescente déficit orçamentário do país sul-americano.

A medida do credor multilateral provocou uma resposta rápida do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que escreveu no X: "Os vampiros estão chegando, mas os vampiros desaparecem antes do sol", seguido do sobrenome de Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI.

Os bônus em dólares da Colômbia tiveram desempenho inferior ao da dívida soberana de mercados emergentes antes de reduzirem as perdas, com os títulos recentemente emitidos com vencimento em 2054 caindo 0,4 centavo de dólar às 16h40 de Nova York.

Os swaps de taxa de juros dispararam em toda a curva, enquanto o peso colombiano chegou a cair 0,9% antes de se recuperar e encerrar o dia praticamente estável.

O FMI, que no início deste mês havia alertado sobre a deterioração das finanças públicas da Colômbia, afirmou que o acesso à linha de crédito flexível agora depende da conclusão de uma consulta com o credor multilateral e de uma revisão subsequente.

"Atrasos na implementação de tais ajustes fiscais provavelmente forçaram" o FMI a suspender o acesso à linha de crédito, escreveram os economistas do JPMorgan Chase, Diego Pereira e Juan Goldin, em uma nota no domingo.

Isso, na visão deles, abre "um novo capítulo no prolongado período de pressões fiscais decorrentes de gastos estruturais mais elevados e receitas superestimada".

O ministro das Finanças da Colômbia, Germán Ávila, disse nesta segunda-feira que o FMI apenas adiou a decisão de conceder acesso à sua linha de crédito flexível, acrescentando que há espaço para otimismo apesar dos problemas fiscais.

O déficit orçamentário do país se ampliou para 6,8% do PIB no ano passado, o maior nível desde a pandemia e ultrapassando o limite legal em mais de um ponto percentual.

A linha de crédito de dois anos havia sido aprovada pelo FMI há cerca de um ano.

Os mercados vêm penalizando a dívida do país nos últimos meses, com os bônus em dólares apresentando desempenho inferior ao de seus pares à medida que a perspectiva fiscal se deteriora.

Investidores esperam que o país continue descumprindo suas metas de déficit diante das crescentes pressões de gasto antes do último ano de mandato de Petro..

— Este anúncio do FMI representa um novo alerta sobre o crescente deterioro das finanças públicas na Colômbia e destaca a urgência de o governo apresentar um plano de ajuste de gastos crível e sustentável —, escreveu Andrés Pardo, chefe de estratégia para América Latina da XP Investimentos, em uma nota a clientes.

Embora a decisão do FMI não afete o perfil da dívida do país, ela ressalta os desafios fiscais e reforça o argumento para que o banco central mantenha as taxas inalteradas, acrescentou Pardo.

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