Seg, 08 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
BRASIL

Câmbio começa a convergir para "certa normalidade", diz presidente do Itaú

Milton Maluhy avalia que não houve ataque especulativo contra o real; Itaú teve lucro de R$ 41,4 bilhões ano passado

Câmbio começa a convergir para "certa normalidade", diz presidente do ItaúCâmbio começa a convergir para "certa normalidade", diz presidente do Itaú - Foto: Canva/Reprodução

O presidente do Itaú, Milton Maluhy, disse nesta quinta-feira que o câmbio começa a convergir para 'certa normalidade', depois de atingir R$ 6,20 no final do ano passado. Ele avaliou que não houve ataque especulativo contra o real, mas um mau-humor generalizado, com fluxos mais fortes de saída e o Banco Central teve que atuar para dar liquidez ao mercado.

— Estamos num patamar mais adequado de câmbio e ele começa a convergir para certa normalidade. O câmbio recuou e tem efeito positivo na inflação, que pode levar a uma taxa de juros mais baixa que os 15,75% (patamar previsto) para o banco — disse Maluhy durante a apresentação dos resultados do Itaú. O banco projeta um dólar a R$ 5,90 no final deste ano, mas lembrou que se trata de uma variável difícil de prever.

Maluhy disse que o mercado continua acompanhando a agenda econômica do governo, e que existe uma consciência coletiva sobre a questão fiscal, para que haja avanços.

— Precisamos melhorar a qualidade do gasto. Há uma mudança importante no Congresso e o presidente da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos) falou muito disso no seu discurso de posse. É importante continuar perseguindo a agenda fiscal para que se tenha um endividamento sustentável do país e o investimento de longo prazo aconteça. Nesse nível de juro, fica mais difícil o investimento de longo prazo — avaliou.

 

O Itaú espera um crescimento de 2,2% da economia este ano, uma inflação de 5,8% (o que justifica um juro mais elevado) e desemprego de 6,8% este ano.

Crédito mais conservador

Com expectativa de que a taxa Selic chegue a 15,75% este ano, o Itaú prevê um crescimento mais conservador da oferta de crédito em 2025. O banco divulgou que espera um crescimento entre 4,5% e 8,5%, enquanto no ano passado o crescimento da carteira expandida chegou a 15,5%, superando as expectativas divulgadas, que apontavam alta num intervalo entre 9,5% e 12,5%.

— O guidance (estimava) é a melhor informação que temos dadas as perspectivas de cenário. Mas estamos preparados para qualquer cenário. Nossa capacidade de reagir é muito grande — disse Maluhy.

Ele afirmou que a carteira de crédito para pessoa física acaba tendo mais impacto por causa dos juros. Mas ele lembrou que a inadimplência do banco está nos patamares mínimos históricos, e que este patamar é seguro para a gestão de risco do banco.

Governança
Maluhy comentou também sobre a governança do banco em casos recentes envolvendo administradores da instituição: o ex-diretor financeiro (CFO), Alexsandro Broedel, está sendo processado por um suposto esquema de fraudes e o diretor de marketing, Eduardo Tracanella, foi demitido por mau uso do cartão corporativo.

Para Maluhy a governança não foi falha e isso permitiu ao banco tomar as ações necessárias. Ele disse que o caso do mau uso do cartão de crédito foi pego no monitoramento realizado pela instituição, por exemplo. Mas disse que após eventos como esse sempre há discussões em como é possível melhorar a governança.

— Todos estão na mesma régua da ética. Todos os executivos sabem o que é má conduta e estão sujeitos à mesma régua da ética, ela não é maior ou menor dependendo do cargo no banco. Mas num banco com quase 100 mil colaboradores, eventos acontecem todos os dias. E o banco tem canais fortes e as pessoas se sentem confortáveis em trazer esses problemas — explicou.

Lucro de R$ 41,4 bilhões
O Itaú obteve lucro líquido recorrente de R$ 41,4 bilhões em 2024, alta de 18,2% em relação ao ano anterior. O retorno sobre o patrimônio líquido (indicador financeiro que mede a capacidade de uma empresa gerar lucro a partir dos recursos próprios) foi de 22,2%.

O resultado do banco foi impulsionado pelo crescimento de 15,5% da carteira de crédito expandida, que foi o principal fator de crescimento de 7,1% da margem com clientes. No total, o Itaú distribuiu no ano passado R$ 28,7 bilhões, incluindo uma tranche adicional de R$ 18 bilhões.

Além disso, o Itaú registrou melhoria nos indicadores de qualidade de crédito, com redução de 6,6% no custo de crédito no período. O índice de inadimplência em atrasos de até 90 dias ficou em 2,4% em dezembro, com redução para pessoa física, especialmente cartão de crédito e veículos. Também houve redução da inadimplência no segmento de micro, pequenas e médias empresas. No quarto trimestre, o lucro recorrente do Itaú chegou a R$ 10,8 bilhões, crescimento de 2% em relação ao terceiro trimestre.

Veja também

Newsletter