"Careca do INSS" movimentou R$ 12,2 milhões em pouco mais de quatro meses, aponta PF
Advogados afirmam que Antônio Carlos Camilo Antunes irá provar inocência
Um dos relatórios da Polícia Federal (PF) no âmbito da investigação de fraude em aposentadorias e pensões aponta que Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “careca do INSS”, movimentou R$ 12,2 milhões em contas bancárias em um prazo 129 dias, pouco mais de quatro meses.
Antunes é citado pela PF como a figura central do suposto esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do instituto.
Suas empresas operavam como intermediárias financeiras para as entidades associativas, de acordo com a documentação da investigação.
A defesa dele afirmou que as acusações não correspondem à realidade dos fatos.
A polícia afirma que o empresário realizava “repasses no mesmo dia do recebimento, mantendo saldo pouco significativo disponível em conta, indicando possível urgência em dificultar o rastreamento dos valores”.
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A PF diz que Antunes é “sócio de uma miríade de empresas”, que recebiam recursos de diversas associações e os disponibilizava a servidores do Instituto Nacional do Seguro Social. Segundo a representação da polícia, ele movimentou diretamente R$ 53,5 milhões provenientes de entidades sindicais e de empresas relacionadas às associações.
O que diz a defesa
Os advogados afirmam que a inocência de Antunes será provada.
"A defesa confia plenamente na apuração dos elementos constantes nos autos e na atuação das instituições do Estado Democrático de Direito. Ao longo do processo, a inocência de Antonio será devidamente comprovada", diz a nota.
O esquema investigado pela polícia e pela Controladoria-Geral da União (CGU) envolvia o desconto não autorizado de mensalidade associativa em aposentadorias e pensões, com o desvio de verba a pessoas ligadas a essas entidades e a diretores do INSS.
Movimentações superiores à renda, diz PF
Segundo a PF, Antunes declarou sua ocupação profissional como “gerente”, com renda mensal de R$ 24,5 mil e patrimônio entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões.
“Não obstante, as movimentações de Antônio Carlos são muito superiores à sua hipotética renda, totalizando milhões de reais em créditos e débitos. Para mais, ‘suas participações societárias e a capacidade financeira declarada são desproporcionais às quantias movimentadas’”, informou.
Conforme a investigação, Antunes repassou R$ 17 milhões para servidores do INSS. A PF também afirma que ele teve outras transações relevantes, como a transmissão sucessiva de um mesmo imóvel em período inferior a seis meses, que gerou a movimentação de R$ 353 milhões.
O empresário também consta como representante legal de uma firma sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.
“Trata-se, possivelmente, de uma offshore constituída por Antônio Carlos, a fim de blindar o patrimônio ilegítimo amealhado”, informou a polícia.

