Sáb, 06 de Dezembro

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ÁSIA

CEO da Nvidia visita Pequim após EUA proibirem venda de chips para a China

Executivo esteve no país a convite de uma associação comercial e teria se reunido com o fundador da DeepSeek

NvidiaNvidia - Foto: Reprodução/Internet

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, chegou a Pequim nesta quinta-feira, pouco depois de o governo Trump proibir a empresa de vender o chip de IA H20 para a China e abrir uma investigação sobre se a companhia violou regras americanas ao vender chios para a Chiba.

Huang, que visita frequentemente o país, apareceu na capital chinesa a convite do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional, uma entidade comercial apoiada pelo Estado, segundo a mídia estatal.

Na quarta-feira, as ações da Nvidia caíram mais de 6% no pregão em Nova York. Os papéis da fabricante de chips de inteligência artificial , que compõem o índice Nasdaq, reagiram às restrições às vendas de semicondutores para a China impostas pelo governo americano na terça-feira.

Em um vídeo publicado no perfil de rede social ligado à estatal China Central Television (CCTV), o CEO da Nvidia trocou sua tradicional jaqueta de couro preta por um terno e gravata, embora não estivesse claro de qual evento ele estava participando.

O momento da viagem, no entanto, é incomum, já que o CEO se reuniu com Donald Trump, cerca de uma semana atrás em Mar-a-Lago, clube e residência do presidente americano na Flórida, em um jantar que custou US$ 1 milhão por pessoa— e poucos dias depois alertou sobre uma baixa contábil de US$ 5,5 bilhões devido às restrições de chips de IA.

Essas limitações marcaram uma escalada na batalha tecnológica entre Washington e Pequim, afetando uma linha de produtos que a Nvidia havia desenvolvido especificamente para clientes chineses, em conformidade com os controles de exportação anteriores dos EUA.

Na última segunda-feira, a gigante do setor de chips de inteligência artificial anunciou que planeja construir US$ 500 bilhões em infraestrutura de IA nos Estados Unidos nos próximos quatro anos, incluindo aporte próprio e de parceiros. A produção do chip de última geração da Nvidia, batizado de Blackwell, já começou na nova fábrica da TSMC, empresa de Taiwan, em Phoenix, no estado americano do Arizona.

Pouco após a divulgação da notícia, um comitê bipartidário da Câmara dos Deputados dos EUA pediu que a Nvidia entregasse informações sobre vendas de chips que a startup chinesa de IA DeepSeek pode ter utilizado para desenvolver seu chatbot inovador.

A China continua sendo um mercado muito importante para a Nvidia, que vai otimizar seus produtos de chip para se adequar aos controles de exportação dos EUA, disse Huang ao chefe da associação comercial, segundo a CCTV.

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A agenda exata de Huang na capital é desconhecida, e os veículos de mídia chineses não forneceram detalhes. O CEO teria se encontrado com o fundador da DeepSeek, Liang Wenfeng, bem como com o vice-premiê chinês He Lifeng, segundo o Financial Times, que citou fontes não identificadas.

"Nos reunimos regularmente com líderes do governo para discutir os produtos e a tecnologia da nossa empresa", disse um porta-voz da empresa ao New York Times.

O secretário de Comércio de Trump, Howard Lutnick, prometeu ser “muito rigoroso” com as restrições aos chips na China — especialmente após o surgimento da startup de IA DeepSeek. Recentemente, ele sancionou dezenas de empresas chinesas que, segundo autoridades do governo Trump, estariam ajudando os esforços militares de Pequim.

No setor de fabricação de chips do país asiático, os aceleradores de IA da Huawei são os concorrentes mais próximos das ofertas da Nvidia e da Advanced Micro Devices (AMD), embora ainda fiquem significativamente atrás em desempenho.

Perspectiva de cenário favorável
A Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC) manteve sua perspectiva otimista de crescimento para 2025 após divulgar resultados fortes no primeiro trimestre, sugerindo que a maior fabricante de chips do mundo está confiante de que pode enfrentar a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Principal fornecedora de chips para a Nvidia e a Apple, a TSMC afirmou que ainda espera um crescimento na faixa de 20% em 2025 e uma duplicação da receita com inteligência artificial, repetindo as metas estabelecidas em janeiro.

A empresa também manteve sua projeção de investimentos entre US$ 38 bilhões e US$ 42 bilhões para 2025. As ações da TSMC nos EUA subiram 4,7%, enquanto as ações de fornecedoras como Tokyo Electron e Lasertec subiram em Tóquio.

— Nós entendemos que há incertezas e riscos devido ao impacto potencial de políticas tarifárias. No entanto, até agora não vimos qualquer mudança no comportamento dos nossos clientes — disse C.C. Wei, CEO da empresa, a analistas durante uma teleconferência após a divulgação dos resultados.

Ele continuou:

—Talvez tenhamos uma visão mais clara nos próximos meses e continuaremos monitorando de perto o impacto potencial na demanda do mercado.

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A decisão da TSMC de manter suas metas também reflete o fato de que a fabricante de chips — de longe a produtora dominante de chips avançados no mundo — tem mais margem de manobra do que muitos de seus concorrentes.

Para 2025, o mercado continua apreensivo quanto ao impacto das tarifas sobre a economia global e sobre um setor que fornece componentes críticos para praticamente todas as indústrias do planeta. A guerra comercial iniciada por Trump está levando economistas a revisarem para baixo suas projeções de crescimento do PIB mundial, lançando dúvidas sobre as perspectivas de demanda por iPhones e por computação em geral.

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