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CEOs das maiores TVs do Brasil defendem regulação das plataformas digitais em evento em SP

SET Expo reuniu Paulo Marinho, da Globo; Daniela Beyruth, do SBT; Marcus Vinicius Vieira, da Record; e Carlos Luiz Giordani, da Band; para debater o futuro da televisão

SET ExpoSET Expo - Foto: reprodução

A implementação da TV 3.0, que permitirá a maior integração da televisão com a internet e acarretará em melhorias na qualidade de som e imagem, trará oportunidades e desafios para as emissoras tradicionais, da possibilidade de novas receitas publicitárias à urgência da regulação das plataformas digitais.

Esse foi tema do painel “Visão dos CEOs: o futuro da mídia”, que marcou abertura oficial da 35ª SET Expo, o maior evento de tecnologia e negócios do setor de mídia e entretenimento da América Latina, que começou nesta segunda-feira (18) e termina na quinta (21) no Distrito Anhembi, em São Paulo.

O debate reuniu os CEOs das maiores emissoras de TV do país: Paulo Marinho, da Globo, Carlos Luiz Giordani, do Grupo Bandeirantes, Daniela Beyruti, do SBT e Marcus Vinicius Vieira, da Record. Os quatro reafirmaram que o setor está unido para enfrentar os desafios trazidos pela inovação digital e defender interesses comuns. O painel foi mediado pelo jornalista Guilherme Ravache.

Para Marinho, a TV 3.0 permitirá a manutenção do pioneirismo da radiodifusão, “mantendo uma relação próxima com a audiência”, num momento em que a concorrência pela atenção do consumidor se ampliou.

— Temos que reagir em temos de tecnologia e inovação, buscando entregar um conteúdo de grande relevância para o brasileiro. A TV 3.0 vai trazer para a TV aberta a medição censitária da audiência, mais precisa, e permitir uma publicidade mais segmentada, personalizada — afirmou. — Estamos construindo nossa visão de futuro em conjunto com o mercado, para atendê-lo melhor, e em parceria com os nossos colegas (de outras emissoras). Temos iniciativas nessa direção, como o compartilhamento de infraestrutura e de boas práticas em inovação e tecnologia.

Claudio Luiz Giordani disse que as emissoras não são mais “concorrentes”:

— Estarmos aqui juntos prova que estamos unidos em defesa do meio. O rádio e TV têm uma relação diferenciada com o país. A TV aberta tem uma cauda longa pela frente. Já nos reinventamos em 2007, como a digitalização — afirmou o CEO, acrescentando que é necessário buscar apoio governamental para pressionar fabricantes de televisores e garantir a presença dos canais abertos nos aparelhos. — Se não, fica difícil. A competição (com as plataformas digitais) é acirrada e estão tentando nos expulsar da tela. Precisamos ter uma conversa franca com os fabricantes.

Atualmente, os canais precisam pagar para garantir seu espaço nos aparelhos de TV. O resultado tem sido o aumento da presença de plataformas digitais nos televisores em detrimento dos canais gratuitos.

— A meu ver, deveria haver uma imposição governamental de que toda televisão tem que ter acesso à TV aberta. Hoje já é difícil acessar a TV aberta em muitos televisores — insistiu Daniela Beyruti, do SBT.

Marinho lembrou que os canais abertos são concessões públicas, que produzem “conteúdos que promovem a cidadania e a educação” e cumprem uma série de obrigações legais. Por isso, “devem ter espaço nos televisores brasileiros”. Os debatedores também defenderam a regulação das plataformas digitais.

— A liberdade de expressão é um princípio básico que todos nós defendemos. Trata-se de coibir excessos e conteúdos falsos que afrontam a legislação brasileira, de criar mecanismos que beneficiem a sociedade brasileira. O papo da regulação passa por aí — afirmou Marinho, acrescentando que “a regulação não vai mitigar nossos desafios competitivos”. — Nós, da TV aberta, temos mecanismos de controle, temos responsabilidade pela publicidade que exibimos. É nocivo para a população ter acesso à publicidade fraudulenta que prolifera nos ambientes digitais.

Quanto ao futuro da TV, todos os CEOs se mostraram esperançosos e elogiaram as possibilidades trazidas pela inteligência artificial, embora tenham ressaltado que é difícil fazer previsões.

— Acredito na regionalização e em ganhar as novas gerações para a TV aberta. A IA está trazendo para o nosso negócio uma racionalização de custos muito grande, que vai nos ajudar na criação de conteúdo — disse Giordani, da Band. — O futuro da nossa indústria depende da nossa criatividade e da nossa união.

Marinho reforçou que a necessidade de continuar investido em bons conteúdos e destacou as oportunidades que a TV 3.0 trará:

— Haverá mais fluidez entre conteúdo linear e on demand, maior interatividade e imersão. Vamos poder oferecer conteúdo em 4K, 8K, com áudio imersivo. O telespectador vendo jogo vai poder escolher mais áudio da torcida ou da narração. O que vem aí com a IA é espantoso, com mudanças na cadeia de criação de conteúdo. Nosso objetivo é continuar sendo um ponto de encontro da população brasileira, valorizar o Brasil e suas histórias com conteúdo de qualidade. Isso nos ajuda a desenhar o futuro.

Assinatura do decreto
Havia a expectativa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinasse durante o evento o decreto da TV 3.0. No entanto, o presidente da SET, Paulo Henrique Corona Viveiros de Castro afirmou na abertura que, “após idas e vindas”, foi acordado com o governo que o decreto será assinado “daqui a uma semana”.

O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, esteve presente no evento e confirmou que a solenidade ocorrerá no dia 27 de agosto, às 11h, no Palácio do Planalto. O decreto, disse ele, é “prioridade para a radiodifusão brasileira”.

Durante a SET Expo, os visitantes podem conhecer a Estação Piloto da TV 3.0. A feira tem entrada gratuita para profissionais do setor e reúne mais de 500 marcas expositoras de todo o mundo.

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