Com foco em regeneração, Natura apresenta Visão 2025-2050 e anuncia metas até o meio do século
Documento propõe prosperidade coletiva e consolida novo modelo empresarial centrado em impacto positivo
A Natura apresentou nesta sexta-feira (4) a sua Visão 2025-2050, o plano estratégico mais ambicioso da história da companhia. A proposta reposiciona a atuação empresarial da marca, colocando a regeneração — conceito que vai além da sustentabilidade — como base para decisões que unem inovação, justiça social e cuidado ambiental. O documento foi lançado em um evento exclusivo para jornalistas, do qual a Folha de Pernambuco participou.
João Paulo Ferreira, CEO da Natura, destacou a importância de medir, com precisão, o impacto do valor econômico além do valor financeiro. Segundo ele, a companhia se baseia hoje em quatro capitais: financeiro, social, humano e ambiental.
“Hoje, para cada real de receita líquida, geramos R$ 2,50 em impacto positivo para a sociedade”, afirmou o executivo. “E a nossa meta é que esse número chegue a R$ 4 até 2030. Isso é resultado de um modelo de negócio que busca, desde sua fundação, promover bem-estar para os indivíduos e para o planeta”, completou.
João Paulo relembrou a trajetória da empresa como a primeira de capital aberto a conquistar o selo de Empresa B no mundo e ressaltou que os compromissos com regeneração não são apenas morais, mas estratégicos.
“Eu não quero que ninguém dê a impressão que todo esse esforço é feito por diletantismo. É uma obrigação moral. Nosso negócio fica mais forte, porque esses compromissos geram diferenciação, geram inovação. Orientam o nosso esforço de pesquisa e desenvolvimento. Definem novos espaços de pesquisa e desenvolvimento. Isso nos leva a criar produtos e serviços que não têm comparação. Fazem, portanto, que o nosso negócio se diferencie e fique mais forte. Então, é uma forma de cumprir essa crença de gerar mais impacto para a sociedade, porque ao fazer isso, nós acreditamos que a empresa vai durar mais, vai ser mais saudável, vai ser maior.”, defendeu.
Metas
Quem também detalhou os compromissos foi Ângela Pinhati, diretora de Sustentabilidade da Natura. Ela destacou que a empresa já alcançou 84,6% da meta de impacto positivo e utiliza 95% de ingredientes de origem sustentável.
Ângela também apresentou os avanços da empresa no relacionamento com a Amazônia. Já são 46 comunidades parceiras — acima da meta prevista até 2030 — e 20 agroindústrias implantadas, que aumentaram a renda das famílias e reduziram emissões de carbono. A ambição, para 2050, é que 100% das comunidades amazônicas envolvidas recebam pagamento por serviços ambientais.
“Queremos substituir, sempre que possível, matérias-primas por insumos amazônicos. E transformar a Amazônia em um polo de inovação, riqueza e tecnologia”, afirmou.
No eixo humano, a Natura já alcançou equidade salarial de gênero e raça e remuneração digna para todos os colaboradores da América Latina. A meta até 2050 é que o quadro de funcionários represente, de forma proporcional, todos os grupos sociais de cada país onde a empresa atua.
Urgência
A vice-presidente de Sustentabilidade, Jurídico e Reputação Corporativa, Ana Costa, reforçou que o mundo atravessa um momento de urgência e que a regeneração não pode mais ser adiada.
“O ‘cedo’ já passou. A hora é agora. Não há mais espaço para retrocessos”, alertou. “Essa visão é um chamamento. Precisamos começar a semear hoje o futuro que queremos colher amanhã.”
Ela lembrou que a Natura lançou a primeira versão da Visão 2050 há dez anos e que, diante de um novo contexto global — com pandemia, crises climáticas e retrocessos sociais —, o plano precisava ser revisto.
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“Falamos de ambição, mas queremos que essa ambição vire compromisso, que esse compromisso gere ação e que essa ação resulte em impacto positivo. Propósito sem ação, hoje, é perda de tempo. E o tempo é exatamente o que a gente não tem.”, pontuou.
Exemplo
Já Josie Romero, vice-presidente de Operações, destacou o papel da cadeia de fornecedores no cumprimento das metas de descarbonização e regeneração. A Natura, segundo ela, já mobiliza mais de 130 parceiros na Aliança Regenerativa e influencia positivamente outros setores da economia.
“Quando um fornecedor adapta sua cadeia para atender à Natura, ele passa a atender também outros mercados. Isso é contaminação positiva, e é assim que ampliamos o impacto”, explicou.
Josie defendeu que o modelo da empresa inspira não só fornecedores, mas também consultoras, colaboradores e até concorrentes. Para ela, colaboração é a palavra-chave da transformação.
“A gente não vai fazer isso sozinha. Queremos outras empresas, de todos os setores, atuando conosco. Mostrar que é possível combinar crescimento com regeneração ajuda a criar repertório para o mercado. E quando isso acontece, todos ganham.”
Compromisso
A nova visão prevê a atuação regenerativa como caminho para transformar toda a cadeia produtiva da marca até 2050. Para isso, metas foram definidas:
- Zerar emissões líquidas próprias de carbono até 2030, e as outras emissões da cadeia, do escopo 3, até 2050;
- Implementar uma lógica de simbiose industrial, integrando nossas cadeias e nossas plantas com outras empresas, fornecedoras e até mesmo concorrentes, para racionalizar o uso de recursos e maximizar o reaproveitamento;
- Quadruplicar até 2030 as compras de insumos vindos da sociobioeconomia da Amazônia; dobrar os recursos que compartilhamos com as comunidades amazônicas que são nossas fornecedoras; fomentar o progresso social dessas comunidades, com o aumento da equidade racial e de gênero, com a melhora da educação, da saúde, do bem-estar e da cidadania;
- Aumentar em 50% a conservação de hectares da floresta até 2030, chegando a 3 milhões de hectares protegidos;
- Ter no quadro de pessoas colaboradoras administrativos a mesma proporção de grupos sub-representados que existe na sociedade;
- Aumento de 10% no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Consultoras de Beleza até 2030 e 100% da rede profissional de Consultoras de Beleza com renda digna até 2050; pagamentos por serviços ambientais para 100% das comunidades fornecedoras até 2050;
- Garantir um impacto socioambiental positivo de R$4 a cada R$1 de receita até 2030, publicando todos os impactos dos produtos e serviços de maneira transparente.

