Como é o XB-1, jato supersônico que quebrou barreira do som pela primeira vez em teste; veja vídeo
Para teste histórico, a aeronave foi composta de fibra de carbono com um sistema de visão de realidade aumentada para visibilidade no pouso
O jato XB-1 quebra a barreira do som em voo de demonstração nesta terça-feira, em Mojave, Califórnia, e se torna a primeira aeronave de uma startup a realizar. Historicamente, esses projetos eram desenvolvidos por militares e governos. Marca atingida serve como um passo a mais para voos comerciais supersônicos no futuro, maior objetivo da americana Boom Supersonic, responsável pelo avião.
“O voo supersônico do XB-1 demonstra que a tecnologia para voos supersônicos de passageiros chegou”, disse o fundador e CEO da Boom, Blake Scholl, em comunicado. “Um pequeno grupo de engenheiros talentosos e dedicados realizou o que antes custava governos e bilhões de dólares. Em seguida, estamos ampliando a tecnologia no XB-1 para o avião supersônico Overture. Nosso objetivo final é levar os benefícios do voo supersônico a todos.”
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O piloto de testes chefe da Boom, Tristan “Geppetto” Brandenburg passou de Mach 1– velocidade do som — atingindo 1207 km/h por cerca de 12 minutos após o início do voo de teste, a cerca de 35.000 pés.
“Foi um privilégio e um destaque da minha carreira fazer parte da equipe que atingiu esse marco”, disse Geppetto. E continuou: “Nossa disciplina e abordagem metódica para esse programa de testes de voo criaram a cultura de segurança que tornou possível um primeiro voo supersônico seguro e bem-sucedido. Com as lições aprendidas com o XB-1, podemos continuar a construir o futuro das viagens supersônicas.”
o XB-1 fez história o Mojave Air and Space Port, mesmo espaço aéreo onde o piloto Chuck Yeager quebrou a barreira do som pela primeira vez em 1947 mais de 20 anos após o último voo que quebrou a barreira do som, o Concorde.
Como funciona o XB-1
Primeiro jato supersônico construído com tecnologia de aeronaves comerciais, o XB-1 incorpora os principais recursos encontrados no avião supersônico comercial Overture, como compostos de fibra de carbono, aumento de estabilidade digital e um sistema de visão de realidade aumentada para visibilidade no pouso.
A aeronave têm um nariz longo e um ângulo de ataque alto para decolagem e pouso, o que torna difícil para os pilotos verem a pista à sua frente. Assim, alavancam um sistema de visão de realidade aumentada para permitir excelente visibilidade da pista — sem o peso e a complexidade de um nariz móvel como o do antigo Concorde.
Além disso, engenheiros usaram simulações de dinâmica de fluidos computacional (CFD) para explorar milhares de designs otimizados para o XB-1. O resultado combina operação segura e estável na decolagem e no pouso com eficiência em velocidades supersônicas. O CFD também é usado extensivamente no programa Overture.
Já para manter uma estrutura forte e leve para que realizasse os voos supersônicos, tanto o XB-1 quanto o Overture são quase inteiramente feitos de materiais compostos de fibra de carbonom tornando as aeronaves muito mais aerodinâmicas.
Outro ponto que foi importante para os voos são as entradas supersônicas. As entradas de ar do motor do XB-1 reduzem a velocidade do ar supersônico para velocidades subsônicas [abaixo de Mach 0,75], convertendo eficientemente a energia cinética em energia de pressão, permitindo que os motores a jato convencionais impulsionem o XB-1 desde a decolagem até o voo supersônico.
Já pensando no futuro, a empresa afirma que os voos supersônicos comerciais com o Overture transportarão de 64 a 80 passageiros a Mach 1,7, cerca de duas vezes a velocidade dos aviões subsônicos atuais, em mais de 600 rotas globais.