Sáb, 06 de Dezembro

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Demissões na Nissan saltam de 9 mil para 20 mil em todo o mundo, diz TV

Segundo a NHK, um aumento maior nos cortes de empregos se deve a um plano de reestruturação para tentar conter a crise na montadora

Emblema da empresa automobilística japonesa, NissanEmblema da empresa automobilística japonesa, Nissan - Foto: Yuichi Yamazaki / AFP

A montadora Nissan vai eliminar mais 11.000 postos de trabalho do que havia planejado anteriormente, informou nesta segunda-feira a emissora japonesa NHK, como parte de um plano para reestruturar seus negócios em crise.

Em novembro, a montadora japonesa havia anunciado que cortaria 9.000 empregos após as fracas vendas nos Estados Unidos e na China causarem uma queda de 94% no lucro do primeiro semestre. Agora, os cortes devem chegar a cerca de 20.000 empregos, ou aproximadamente 15% da força de trabalho total, segundo a emissora pública japonesa. Os cortes ocorrerão tanto no Japão quanto no exterior, acrescentou.

A Nissan não quis comentar o assunto.

A crise da Nissan corre o risco de se aprofundar ainda mais, depois que a empresa alertou os acionistas, no mês passado, que registraria um prejuízo líquido devido a custos de reestruturação de até 750 bilhões de ienes (US$ 5 bilhões) no exercício fiscal que se encerrou em março de 2025.

A gravidade dos problemas financeiros da montadora ficou evidente no final do ano passado, quando, além dos 9.000 cortes de empregos, anunciou que reduziria sua capacidade de produção em 20% e revisou drasticamente para baixo suas projeções de lucro. Desde então, a Nissan reduziu ainda mais suas previsões, afetada pela forte concorrência nos EUA e na China.

A salvação oferecida por sua concorrente Honda Motor parecia promissora quando ambas assinaram, em dezembro, um acordo para fundir as marcas sob uma única holding. No entanto, em poucas semanas, o que poderia ter se tornado uma das maiores montadoras do mundo — ao menos em teoria — desmoronou devido a divergências sobre o desequilíbrio de poder entre as duas marcas tradicionais.

Em fevereiro, a aliança foi oficialmente dissolvida e a Nissan afundou ainda mais na pior situação dos últimos 26 anos. Apesar do fracasso da fusão, Nissan e Honda mantêm uma aliança estratégica focada em veículos elétricos e baterias, o que deixa espaço para futuras negociações.

A Nissan também não conta com uma linha sólida de veículos híbridos para oferecer aos consumidores em mercados-chave, e tem enfrentado uma crise de gestão e disputas internas desde que o ex-presidente Carlos Ghosn foi preso e destituído em 2018.

Enquanto isso, as tarifas do então presidente Donald Trump sobre carros e autopeças importadas pelos EUA impactaram a maioria das marcas globais, mas no caso da Nissan, os efeitos foram devastadores.

Além dos problemas nas vendas, o endividamento da Nissan também aumentará drasticamente. A empresa e suas subsidiárias enfrentam vencimentos de dívida de US$ 1,6 bilhão este ano, que subirão para US$ 5,6 bilhões em 2026, o maior valor desde pelo menos 1996, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Iván Espinosa, nomeado diretor executivo em abril, enfrenta a difícil missão de reverter a situação da Nissan. Espera-se que ele esclareça as especulações sobre cortes de empregos e possíveis fechamentos de fábricas quando a Nissan divulgar seus resultados fiscais na terça-feira.

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