Sáb, 06 de Dezembro

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Alerta

Diretor da Fiepe alerta para perda de mercado do gesso do Araripe

Fábio Monteiro cobra agilidade em infraestrutura e gás natural

Fábio MonteiroFábio Monteiro - Foto: Divulgação

A terceira edição do seminário Conexões Transnordestina – A Ferrovia que Mudará Pernambuco reuniu, nesta sexta-feira (15), lideranças empresariais, autoridades e especialistas no Centro Tecnológico do Araripe, em Araripina. O encontro, promovido pelo Movimento Econômico e pela Sudene, discutiu os impactos econômicos e logísticos do futuro ramal ferroviário Salgueiro–Suape, além de ouvir demandas dos setores produtivos da região. Entre os temas debatidos estiveram a criação de um porto seco no Araripe e a possibilidade de transporte de gás liquefeito pelos trilhos.

Durante o evento, o empresário do setor gesseiro e diretor regional da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Fábio Monteiro, alertou para a redução da participação do polo do Araripe no mercado nacional de gesso. Segundo ele, a região responde hoje por menos de 60% do consumo do país, perdendo espaço para a produção do Maranhão, especialmente no município de Grajaú.

Monteiro atribuiu a perda de competitividade a entraves como logística deficiente, concorrência internacional e carga tributária. Ele destacou que cerca de 600 mil toneladas de gipsita chegam ao Brasil por importação, com destaque para o material vindo da Espanha.

“A gipsita chega ao Brasil por cerca de US$ 180 a tonelada, com frete interno em torno de R$ 600, fora o valor do minério, que sai muito barato. Aqui, comercializamos a gipsita entre R$ 50 e R$ 70, o que nos preocupa bastante. Essa ferrovia vai fortalecer muito o setor produtivo”, afirmou.

O diretor da Fiepe também chamou atenção para a escassez de lenha legalizada para abastecer os fornos de calcinação, o que obriga as indústrias a buscar matéria-prima em longas distâncias ou recorrer a fornecedores informais, prática que, segundo ele, implica riscos ambientais e legais.

Outro ponto destacado foi a necessidade de acelerar o fornecimento de gás natural ao polo gesseiro. Monteiro informou que o insumo está em fase de testes, mas ainda sem volume suficiente para atender à demanda. “Hoje temos cinco fornos, mas estamos testando com apenas um, por falta de oferta. A demanda existe, e o polo poderia consumir cerca de 150 mil metros cúbicos por dia”, disse.

Para ele, a Transnordestina será decisiva para reduzir custos logísticos e ampliar mercados, mas precisa ir além do trecho Salgueiro–Suape, garantindo conexão com outras regiões produtoras e consumidoras. O empresário também defendeu a atualização dos estudos sobre o consumo de gesso no Brasil, para subsidiar políticas públicas e ações estratégicas do setor.

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