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Economia

Empresa quer levar usina solar para São Paulo

Complexo Solar/Boa Hora, em Tacaimbó, foi adquirido pela AES Tietê em leilão da Aneel, mas empresa quer mudar o local

Pedido de transferência da usina não é boa notícia para a instalação do cluster solar no EstadoPedido de transferência da usina não é boa notícia para a instalação do cluster solar no Estado - Foto: Divulgação

A AES Tietê comprou um projeto de energia solar por R$ 75 milhões no Estado. Fruto do leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o complexo fotovoltaico foi desenhado para ser erguido no município de Tacaimbó, no Agreste, com operação prevista para novembro de 2018. No entanto, agora, a empresa cogita transferir o empreendimento para São Paulo, com o objetivo de viabilizar a construção da usina solar Água Vermelha.

O pedido de mudança acontece dois anos depois de a Aneel ter realizado o certame para fontes renováveis. Naquele ano, o Complexo Solar/Boa Hora, em Tacaimbó, foi o único projeto de Pernambuco contemplado no leilão.

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Com energia contratada por 20 anos a R$ 291,75/MWh, a capacidade total projetada foi de 91 Megawatts-pico (MWp) e investimento associado de cerca de R$ 300 milhões. Esse investimento, entretanto, pode sequer chegar ao Estado, pois a AES comunicou aos acionistas que vai protocolar na Aneel pedido de alteração das características técnicas do projeto, solicitando a transferência do complexo para um terreno no estado de São Paulo, na cidade de Ouroeste, a três quilômetros de uma das usinas hidrelétricas da empresa, a Usina Água Vermelha.

Se a transferência for acatada pela Aneel, a AES Tietê aumentará a capacidade instalada do sistema de geração em São Paulo. Procurada, a empresa informou que se manifesta apenas por comunicado ao mercado.

A notícia não é nada boa para o Estado, que, nos últimos anos, começou uma arrancada para estruturar seu cluster solar. A ideia sempre foi manter aqui o processo completo de fabricação, produzindo de painéis até inversores fotovoltaicos. Apesar de não ter tido acesso ao fato relevante da AES, o especialista no setor elétrico José Antônio Feijó afirmou que, se isso se concretizar, o Estado perde bastante.

"Existe uma teoria de que o projeto pode ser transferido facilmente por considerar que a energia é injetada no Sistema Interligado Nacional, mas não é assim. Antes de o local ser escolhido, muitos fatores precisam ser considerados, a exemplo da inserção solar. O Nordeste, diferentemente do Sudeste, é líder nesse aspecto", explicou Feijó.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico comunicou, por nota, que dará o apoio necessário à AES Tietê no sentido de viabilizar a implantação dos parques solares em Tacaimbó, dentro da política energética adotada pelo Governo de Pernambuco, que incentiva investimentos em fontes renováveis.

"A instalação dos parques em questão foi definida a partir de estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para atender a demandas localizadas. Sendo assim, a transferência do projeto do Nordeste para outra região contraria o indicativo da EPE, que avaliou, inclusive, a capacidade de escoamento da energia gerada", informou. A pasta comunicou que externará preocupação sobre o pedido de alteração junto à Aneel, a fim de garantir o investimento permaneça aqui.

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