Estrada ruim traz prejuízo para empresas
De acordo com dados da CNT, os problemas de pavimentação elevam custos operacionais do setor de carga em até 91,5%
As deficiências nos acessos viários custam caro às empresas brasileiras. Somente os problemas no pavimento podem elevar o custo operacional do transporte rodoviário de cargas em até 91,5%, de acordo com o estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado ontem. Em Pernambuco, entre os vários gargalos, as BRs 101 e 232, por onde circulam milhares de cargas diariamente, retratam bem os prejuízos que a falta de investimento em infraestrutura podem acarretar.
Além do fluxo intenso de veículos, sobretudo caminhões e carretas, quem trafega por essas rodovias enfrenta buracos e remendos; falta de sinalização e de iluminação, além da insegurança. Para resolver a situação, várias alternativas têm sido estudadas há anos, sem que nenhuma delas tenha virado realidade. Na última quarta-feira, a União incluiu, no Programa Nacional de Desestatização, os projetos de concessão da duplicação da BR-232 até o município de Cruzeiro do Nordeste, no Sertão, e do Arco Metropolitano - para desafogar o tráfego da BR-101, facilitando o escoamento de produtos da Mata Norte até Suape. Contudo, o Governo do Estado duvida que as concessões saiam do papel e estuda, ele mesmo, alternativas economicamente viáveis.
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Até que findem os impasses, quem perde é a economia estadual. Diretor administrativo do Grupo Trino, empresa de logística com sede no Cabo de Santo Agostinho, Cláudio Fernandes, diz que tanto a BR-232 quanto a BR-101 são fundamentais para a entrega de insumos, que chegam via Suape, e são distribuídas para o Interior, Mata Norte e outros estados, como Paraíba e Alagoas. Porém, este ano, as ‘reentregas’ (quando a entrega não é feita no prazo e a empresa arca com o reenvio) aumentaram 200% devido às más condições das rodovias, agravadas no inverno.
“A perda de tempo impacta todo o ciclo logístico, comprometendo o faturamento e a produtividade”, argumenta. Também do ramo logístico, o empresário Guilherme Gomes, à frente da Ilha Transportes calcula uma perda de até 10% do faturamento mensal, em razão dos problemas rodoviários, os quais acarretam em maior necessidade de manutenção dos veículos, menos entregas e até perdas de produtos.
“Sem falar dos roubos de cargas constantes na BR-232, principalmente nos trechos mais esburacados, onde o motorista precisa reduzir a velocidade”, aponta.
"Há relatos de empresas que estão levando três vezes o tempo que deveriam gastar para escoar produtos da Mata Norte para a Suape. Essas obras precisam ser realizadas de qualquer maneira, sobretudo o Arco Metropolitano", comentou o presidente da Fiepe, Ricardo Essinger.

