Eventual negociação sobre minerais críticos com Trump passa por ampliar exceções ao tarifaço
Representante de entidade, porém, ressalta que não há conversas em curso até o momento
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, afirmou, nesta terça-feira, que uma eventual negociação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos envolvendo minerais críticos teria que passar pela ampliação da lista de produtos brasileiros que não seriam submetidos ao tarifaço de 50% imposto por Donald Trump, que começa nesta quarta-feira. Ele citou como exemplos o cobre e o vanádio, matéria-prima para as indústrias aeroespacial e de ações especiais.
— No caso do vanádio, (temos) a única mineradora das Américas e 60% da produção brasileira vão para os EUA — afirmou.
Raul Jungmann afirmou que, se fosse consultado, diria que um acordo deve incluir transferência de tecnologia, investimentos e diversificação da pauta exportadora. Porém, ele enfatizou que, até o momento, não há uma negociação em curso e nem conversas sobre o tema com o governo brasileiro e os americanos.
Os minerais críticos em reservas e em produção pelo Brasil são: cobre, alumínio, níquel, lítio, nióbio, zinco, cromo, grafita, titânio, vanádio, chumbo e terras raras.
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São produtos considerados essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética.
Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que é possível um acordo de cooperação entre Brasil e Estados Unidos em minerais críticos.
Duas semanas antes, o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar, disse que seu país está interessado em ter acesso a esses produtos, em reunião com diretores do Ibram.
— Os minerais críticos pertencem à União, pois estão no subsolo — reiterou Jungmann, frisando que uma negociação deve ser feita entre os dois governos, e não com o setor privado.
Um levantamento realizado pelo Ibram mostra o impacto da sobretaxa de 50% no setor mineral será de 24,4% do total vendido para os EUA. Os produtos mais afetados serão alumínio, caulim, cobre e manganês. Já ferro, nióbio, ouro, pedras naturais e rochas ornamentais, que correspondem a 75,6%, não serão atingidos.
Os dados mostram que o faturamento na área de minerais críticos somaram R$ 21,6 bilhões no primeiro semestre deste ano. O valor é 41,6% superior ao total apurado nos seis primeiros meses de 2024, de R$ 15,2 bilhões.
O resultado contribuiu para uma expansão de 7,5% do faturamento do setor mineral, que alcançou R$ 139,2 bilhões no período. Já o minério de ferro, um dos carros-chefes da balança comercial brasileira, registrou uma queda de 8,2% e respondeu por 52,8% das vendas do setor, com R$ 73,5 bilhões.
Foram exportadas cerca de 192,5 milhões de toneladas, ou US$ 20,1 bilhões, um aumento de 3,7% em relação ao período anterior
. Os embarques de minerais críticos somaram 3,58 milhões de toneladas, ou US$ 3,64 bilhões.
Ainda segundo o Ibram, a estimativa de investimentos em projetos do setor para o período de 2025-2029 é de US$ 68,4 bilhões. Para minerais críticos, a projeção é de US$ 18,45 bilhões no período.
O setor mineral contrata 226 mil empregos diretos. De janeiro a junho de 2025, foram criados 5.085 novos postos de trabalho. Minas Gerais, Pará e Bahia lideraram o faturamento no primeiro semestre, com participações de 39,7%, 34,6% e 4,8%, respectivamente no total.

