Família de fundadores da Tok&Stok; desiste de oferta pelo controle da Mobly
Os Dubrule afirmam, porém, que vão trabalhar para trocar a atual gestão da companhia
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A família Dubrule desistiu de levar adiante a oferta pela aquisição do controle da Mobly, agora Grupo Toky. Após idas e vindas, o embate pela companhia, porém, parece ainda não ter chegado ao fim, já que os fundadores da Tok&Stok afirmam que vão atuar para trocar a atual gestão, alertando para risco de “insolvência” do negócio.
O leilão estava previsto para ocorrer, conforme edital divulgado pelo Toky, nesta quinta-feira, 15 de maio.
Em carta enviada ao Toky, os Dubrule dizem que, embora medidas adotadas pelos administradores da Mobly, classificadas pelos fundadores da Tok&Stok como “temerárias”, tenham conseguido suspender a transação, “esse comportamento reforçou para os Ofertantes a necessidade de buscarem alternativas para assegurar (i) a viabilização da continuidade operacional da Companhia, e (ii) a substituição imediata da atual administração da Companhia, sob pena de a Mobly caminhar para situação de irremediável insolvência”.
O Grupo Toky fechou 2024 com prejuízo de R$164,1 milhões, quase o dobro da perda registrada um ano antes.
Desistência
Na correspondência enviada à Mobly no último dia 12 — assinada pela Regain Participações e por Paul Dubrule —, a família confirma que está revogando a oferta pública voluntária para comprar o controle da companhia.
Em assembleia geral extraordinária de acionsitas realizada em 30 de abril, a proposta de remoção do estatuto da poison pill — cláusula que protege a companhia em caso de ofertas hostis, impondo um prêmio ao valor da oferta — foi rejeitada. Excluir esse mecanismo era um dos passos necessários para que os Dubrule pudessem ir adiante com a oferta pela Mobly, por meio de uma oferta pública de ações (OPA).
A Mobly foi à Justiça contra os fundadores da Tok&Stok e a decisão tomada pelos acionistas em assembleia acabou suspensa para que os fatos fossem melhor avaliados.
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) chegou a aprovar, no início deste mês, a OPA para aquisição do Grupo Toky pelos Dubrule.
Na falta de uma decisão cautelar da Justiça favorável aos Dubrule em relação a assembleia do fim de abril, porém, a família dos fundadores da Tok&Stok argumentou que não é possível convocar nova assembleia geral antes da data do leilão para deliberar sobre a reforma estatutária. Foi destacado ainda o “valor exorbitante” que teria de pagar em decorrência da manutenção da poison pill.
Da oferta com desconto
O recuo dos Dubrule vem após um vai-e-vem de medidas tomadas por cada um dos lados na disputa pelo Toky. Os Dubrule comunicaram à companhia que pretendiam fazer uma oferta pelo controle no fim de fevereiro para levar ao menos 69% da empresa de móveis e decoração. No mês seguinte, a proposta foi revisada para baixo, mirando em maioria simples — 50% do capital mais uma ação.
A liderança do Toky fez críticas ainda ao valor da oferta, com um desconto superior a 50% sobre o preço das ações da companhia. E trabalhou para convencer os acionitas a não votarem a favor do negócio.
Para ser efetivada, a transação dependia de dois pilares principais. Um deles era manter acordo fechado com credores em processo de recuperação extrajudicial, afastando o risco de pedidos de execução antecipada de débitos. O outro era exclusão da poison pill do estatuto, o que não se efetivou.
Os Dubrule decidiram voltar à cena após a venda da Tok&Stok para a o Toky. Eles venderam a empresa para a SPX em 2012. O fundo passou a rede de lojas de móveis e decoração para a Mobly, gigante de e-commerce no setor e controlada pela alemã Home 24, em agosto de 2024. A família havia voltado à gestão do negócio e se opôs à transação.
O capital do Grupo Toky tem a maior fatia nas mãos da Home 24 (44,38%), com a SPX mantendo uma participação de 13,4% e a CTM Investimentos detendo 11,9%. Os Dubrule são acionistas da Tok&Stok, uma subsidiária da Mobly.

