Feira Ojá transforma o Cais de Santa Rita em espaço de cultura, memória e afroempreendedorismo
Evento gratuito reúne 37 empreendedores negros e ocupa local histórico marcado pela escravidão no Recife
O antigo ponto de desembarque de pessoas escravizadas no Recife se transforma, neste sábado (2), em um espaço de resistência, cultura e protagonismo negro.
A partir das 13h30, o Sesc Santa Rita, localizado no Cais de Santa Rita, bairro de Santo Antônio, recebe a quarta edição da Feira Ojá Afro Sesc, reunindo 37 empreendedores negros, em sua maioria, mulheres, com entrada gratuita.
Programação
A programação vai até as 20h e inclui rodas de conversa, oficinas, apresentações culturais e uma ação solidária contra a fome.
Os estandes trazem produtos como moda afro-brasileira, acessórios, turbantes, cosméticos naturais, alimentos típicos, além de serviços de trança, corte de cabelo e estética afrocentrada.
O evento propõe uma ressignificação simbólica do local, historicamente marcado pela escravidão, ao promover um mercado pautado em ancestralidade, afeto e troca de saberes negros.
“O mesmo lugar onde nossos ancestrais foram desembarcados à força agora é ocupado com beleza, saber e afeto. Hoje, somos protagonistas. A Ojá Afro Sesc é uma resposta histórica e simbólica”, afirma Renata Ramos, idealizadora e coordenadora da feira.
Às 13h30, a roda de conversa “Mulheres Negras na Produção Musical Pernambucana” abre a programação, com a participação das artistas Gabi do Carmo, Bione e Dany Myler, que vão compartilhar suas trajetórias na música.
Às 16h, a contadora de histórias Magda Alves apresenta narrativas afrocentradas. Em seguida, às 16h30, o grupo Daruê Malungo sobe ao palco com o espetáculo Agbará Obinrin, em homenagem ao sagrado feminino.
O encerramento da programação cultural fica por conta do grupo Edún Àrá Xangô, às 18h, com ritmos ligados à espiritualidade afro-brasileira.
Outras atividades
A feira também incentiva a solidariedade: quem doar 1 kg de alimento não perecível poderá participar do sorteio de livros afrocentrados.
Os donativos serão destinados ao Programa Cozinha Brasil, iniciativa do Sesc voltada à segurança alimentar.
“A Ojá também é sobre partilha. Queremos que o público leve algo pra casa, mas também deixe algo para quem precisa. A doação é um gesto de afeto coletivo”, reforça Renata Ramos.
Além da feira e das atrações culturais, o público poderá participar de duas atividades formativas. A vivência “Roda de Dança Circular – Corpo Presente” propõe um mergulho em movimentos inspirados em práticas corporais africanas e afro-brasileiras.
Já a oficina “Elaborando seu Portfólio como Empreendedor Negro” orienta participantes sobre como organizar e divulgar seus produtos e serviços.
A Feira Ojá integra a programação do Festival Quariterê, realizado pela Rede Sesc de Bibliotecas, que neste ano aborda o autocuidado como prática política, ancestral e coletiva.

