[Folha Ajuda] Qualificada, cadeirante da Zona da Mata sonha com emprego
Adminstradora com pós-graduação e mestrado enfrenta obstáculos para encontrar uma vaga por se locomover em cadeira de rodas
Da sala miúda em Glória do Goitá, na Zona da Mata de Pernambuco, Isabelle Gomes, 34 anos, sonha com um dia a dia corrido no escritório. Daqueles que a gente coloca a primeira roupa que encontra pela frente, sai de casa com o café da manhã mal tomado e escova o cabelo como quem faz malabarismo. Hoje, pelo contrário, sua rotina se limita a ficar em frente ao computador à procura de um emprego que lhe aceite. Aos nove anos de idade, Isabelle ficou paraplégica após uma cirurgia para alargar a veia aorta. Quando entrou no bloco cirúrgico, apesar da pouca idade, sabia do risco que corria e resolveu encarar o que o futuro reservava. O temor da filha única era pelos pais, que, desde o seu nascimento, davam o melhor de si pela herdeira.
Corajosa, Isabelle sempre buscou a superação. "Sou formada em administração de empresas, pós-graduada em gestão de pessoas e mestre em ciências na educação. Recentemente, fiz um curso de perita judicial", diz. Qualificada, ela nunca imaginou que a sua deficiência fosse impedimento para conquistar uma carreira profissional. Acreditava que os diplomas e a capacidade produtiva seriam o bastante. O problema é que, com o agravamento da crise econômica, Isabelle perdeu seu primeiro emprego, na Prefeitura de Glória de Goitá, e entrou no grupo de 14 milhões de brasileiros desempregados. Por ser cadeirante, as oportunidades se tornaram ainda mais escassas.
Depois de mandar mais de dez currículos, sem sucesso, a administradora resolveu aderir à campanha Folha Ajuda. O apelo dela é por uma entrevista de emprego em que possa mostrar tudo o que aprendeu em sala de aula. "Não quero que seja em vão todo o nosso esforço", afirma Isabelle.
A mãe, Lenides Gomes, 56 anos, sabe bem o peso que esse esforço tem para a família. Ela sempre foi a força motriz da filha. Quando faltava motivação, ela se encarregava de pilotar a cadeira de rodas em direção ao futuro. Na verdade, ela assumia a persistência por algumas horas e logo Isabelle se encarregava de se restabelecer. Afinal, sabia mais do ninguém do peso de ser referência de luta para a cidade. É assim que ela é vista em Glória do Goitá.
"Embora eu me desmotivasse com alguns olhares atravessados, nunca me abati", ressalta, destacando o apoio da mãe e do pai, José Teodoro, 63 anos, durante todo o processo acadêmico. Segundo Isabelle, a força de continuar lutando é maior que todos os obstáculos. Tudo o que ela quer é olhar para os pais e dizer que o percurso já valeu a pena.
Quem quiser ajudar Isabelle, pode entrar em contato com a Folha de Pernambuco pelos telefones (81) 3425-5834/ 9.9146-9781 ou pelo e-mail [email protected] ou [email protected].

