Fundo Baobá: mais de 1,3 milhão de pessoas beneficiadas no Brasil
Para o Nordeste, a organização já destinou, até junho de 2024, mais de R$ 8,5 milhões em 497 iniciativas atendidas
O Baobá - Fundo para Equidade Racial, ao longo de 14 anos de atividades, já apoiou 1,2 mil iniciativas, impactando mais de 1,3 milhão de pessoas indiretamente nas cinco regiões do Brasil. O valor de apoio aos projetos chegou a mais de R$ 20 milhões. Atualmente, a entidade tem, em média, 300 iniciativas em andamento.
A entidade tem como propósito mobilizar recursos financeiros no Brasil e no exterior para o enfrentamento do racismo e promoção da equidade racial no país. Com forte atuação no Nordeste, a organização já destinou, até junho de 2024, mais de R$ 8,5 milhões para a região, em 497 iniciativas atendidas.
Os recursos são destinados a áreas como educação, empreendedorismo, saúde, memória, cultura e justiça. "Era preciso criar uma instituição que a questão racial fosse o centro da identidade da instituição e isso não existia no Brasil. Existiam organizações sociais, movimentos sociais, movimento negro, mas não uma instituição financiadora", afirmou o diretor-executivo do Baobá, Giovanni Harvey.
Emancipar e empoderar pessoas negras é o principal objetivo das doações realizadas pela entidade. "O sentido da doação é buscar a emancipação e o empoderamento das pessoas, e não limitar a perspectiva que a pessoa tem de crescimento pessoal e profissional", destacou Giovanni Harvey.
Solidez
Atualmente, o Baobá tem um fundo patrimonial de R$ 160 milhões, o que demonstra a solidez financeira da entidade. No ano passado, o montante garantiu uma rentabilidade anual de R$ 5,7 milhões, que é retirada por meio de um resgate anual. O valor é destinado para pagar as operações do próprio Baobá e fazer doações. A entidade também recebe doações externas de empresas e pessoas físicas.
As doações do Baobá são realizadas por meio de edital público de seleção. "Nós preparamos o edital e, se o dinheiro é captado com um terceiro, este participa do processo de elaboração. Este edital passa por um processo de validação interno, pelo nosso jurídico, e é lançado. As pessoas fazem a inscrição no período estabelecido e, após a inscrição, seguem o rito do edital. Uma banca externa realiza a seleção", pontuou Giovanni.
O diretor-executivo reitera que algumas doações são realizadas a partir de decisão política da entidade. "Nós fizemos uma doação por decisão política do nosso conselho para a Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), na Bahia. A SPD foi a nossa primeira doação política. É a mais antiga instituição do movimento negro em operação no Brasil. Ela está em atividade há 192 anos ininterruptamente", explicou.
Leia também
• Prateleiras vazias e preços altos: tarifaço de Trump deve ter impacto similar ao da Covid nos EUA
• Governo anuncia 2º leilão do Eco Invest para recuperar 1 milhão de hectares de áreas degradadas
• 100 dias de Trump: Bolsas nos EUA têm pior início de governo desde a renúncia de Nixon, nos anos 70
Nordeste
Para o Recife e a Região Metropolitana, a entidade lançou, no contexto da pandemia da Covid-19, o edital Negros Negócios e Alimentação, com o intuito de contribuir para o fortalecimento e resiliência dos nano, micro e pequenos negócios geridos pela população negra. No total, 14 empreendimentos foram apoiados.
"Foi uma ação feita no contrafluxo da pandemia, basicamente para estruturar planos de negócios, gerar capital de giro, e melhorar o processo produtivo. Então foi uma iniciativa exitosa. E existem relatórios já com os resultados dessa iniciativa", disse Giovanni.
O projeto contou com apoio da General Mills, multinacional americana produtora de alimentos.
"O Baobá e a General Mills chegaram a um desenho de fazer um edital para apoiar empreendimentos na região do Grande Recife, incluindo o Grande Hotel Recife, o hotel mais antigo no Recife, gerido pela Rozenir. Ela é uma empreendedora negra filha de funcionários quando o hotel pertencia aos donos originais do empreendimento", reiterou Harvey.
Ações em andamento
Até o dia 30 de abril, o Baobá está com inscrições abertas para a segunda edição do Black STEM, que seleciona estudantes negros para concorrer a bolsas de estudo no exterior. O projeto é uma parceria de co-investimento da entidade com a Bolsa de Valores.
Estão sendo oferecidas três bolsas, que se somam às outras cinco concedidas na primeira edição. As inscrições podem ser realizadas neste link.
"É um programa que tem como objetivo conceder bolsas de estudo para estudantes negros e negras que queiram atuar na área de exatas em universidades fora do Brasil. Estudantes que tenham feito a aplicação para essas universidades, conseguido a bolsa acadêmica, mas essa bolsa acadêmica não inclui, por exemplo, a passagem do estudante para sair daqui e ir para o país de origem, a compra do casaco, e o visto", explicou Giovanni.
Com 31 pessoas beneficiadas em Pernambuco, o Baobá também desenvolveu o edital "Carreiras em Movimento", que integra o Programa Presente e Futuro em Movimento. O projeto, voltado para pessoas negras que trabalham no setor privado, é uma oportunidade para investir no desenvolvimento das competências e habilidades desses profissionais.
"O 'Carreiras em Movimento' só contempla pessoas que estejam trabalhando em empresas privadas ou que estejam eventualmente na economia informal desenvolvendo alguma atividade comercial profissional", afirmou Harvey.
Lançamento
Segundo o diretor-executivo, o terceiro edital que será lançado este ano é o "Programa Marielle Franco", em sua segunda edição. "O Marielle Franco é um programa de empoderamento político e institucional de mulheres negras. Passaram pelo Marielle Franco várias pessoas, incluindo a atual ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco", destacou.
De acordo com Giovanni, a Marcha das Mulheres Negras, movimento em defesa dos direitos das mulheres negras no Brasil, levou a equipe de articulação social e programas do Baobá a Pernambuco, por conta de diversas ativistas do estado.
O Baobá está doando mais de R$ 1,2 milhão para a mobilização que este ano será realizada no mês de novembro, em Brasília. A doação para a marcha é uma decisão política da organização.
"A Articulação de Mulheres Negras no Nordeste, com a Valdecir Nascimento e a Mônica Oliveira, que são da Bahia e de Pernambuco, respectivamente, tem um peso importante na marcha, e o Baobá é, até o presente momento, o maior financiador da marcha, que envolve pessoas do Brasil inteiro e um contingente grande de ativistas de Pernambuco", acrescentou.

