Google impediu Motorola de usar Perplexity AI como assistente padrão, diz executivo
Para ele, restrições impostas por contratos do Google limitam concorrência e dificultam adoção de outros assistentes de IA em celulares Android
O contrato do Google com a Motorola, da Lenovo, impediu a fabricante de smartphones de definir a Perplexity AI como assistente padrão em seus novos dispositivos, afirmou um executivo da startup durante o julgamento antitruste do Google.
Dmitry Shevelenko, diretor de negócios da Perplexity, disse nesta quarta-feira que os esforços da empresa para obter distribuição preferencial em smartphones de fabricantes e operadoras de telefonia foram barrados por contratos com o Google, que ele descreveu como "uma arma apontada para a cabeça" das empresas.
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O depoimento foi dado no caso movido pelo Departamento de Justiça dos EUA contra a Alphabet, controladora do Google, que busca determinar medidas corretivas após a empresa ser considerada culpada por monopólio ilegal no mercado de buscas.
O aplicativo de inteligência artificial da Perplexity não será o assistente padrão "apesar de ambas as partes quererem isso", disse Shevelenko ao juiz Amit Mehta, que supervisiona o caso. A Motorola "não consegue se desvincular das obrigações com o Google e, por isso, não pode alterar o assistente padrão no dispositivo".
Em vez disso, o aplicativo da Perplexity virá pré-instalado nos novos dispositivos, mas não aparecerá na tela inicial que o usuário vê ao ligar o aparelho pela primeira vez, explicou ele.
Shevelenko afirmou que a Perplexity já tem um acordo assinado para que seu assistente de IA seja pré-instalado em dispositivos de uma empresa e está em negociação com outra, sem revelar os nomes.
Um executivo do Google declarou no início da semana que a Motorola incluirá a Perplexity em seus celulares ainda este ano.
A Bloomberg já havia informado anteriormente que a startup de IA também está em negociações com a Samsung.
No ano passado, o juiz Mehta concluiu que o Google monopolizou ilegalmente o mercado de buscas por meio de pagamentos a fabricantes de smartphones, operadoras de telefonia e navegadores para garantir que seu mecanismo de busca fosse o padrão nesses produtos.
O Departamento de Justiça pediu que o juiz proíba o Google de pagar para manter sua busca como padrão e realiza agora uma audiência de três semanas para decidir como lidar com os atos ilegais da empresa.
Essa proibição proposta também se aplicaria aos produtos de IA do Google, como o Gemini, que segundo a agência se beneficiaram do monopólio ilegal da empresa em buscas.
Shevelenko disse que passa 75% do seu tempo tentando firmar parcerias com operadoras e fabricantes de celulares para distribuir o aplicativo da empresa, pois é como um "brinquedo de escalada" tentar mudar o assistente padrão de um celular Android do Gemini do Google para a Perplexity.
Ele estimou que levou de 10 a 15 minutos para fazer isso sozinho, com a ajuda de um técnico da empresa.
Os fabricantes de celulares “e as operadoras deveriam ser liberados dessas restrições e da ameaça de perda de receita”, afirmou Shevelenko.
Os contratos com o Google são como uma “arma apontada para a cabeça e, se você fizer algo de que eles não gostem, eles podem cortar uma fonte significativa de receita”.
Ele também afirmou que nenhuma das parcerias da Perplexity teria se concretizado se não fosse o processo antitruste movido pelo Departamento de Justiça contra o Google.
É porque o Google está "sob pressão" que fabricantes de celulares, operadoras e navegadores “estão dispostos a ter certos diálogos que estão tendo”, concluiu.

