Sex, 05 de Dezembro

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TARIFAÇO

Governo põe esperanças de negociação em conversa entre Haddad e secretário do Tesouro dos EUA

Segundo interlocutores, empresas americanas recomendam que ministro da Fazenda apresente propostas concretas do Brasil

Fernando Haddad e o Secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent Fernando Haddad e o Secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent  - Foto: Diogo Zacarias/MF

A conversa telefônica entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, prevista para esta quarta-feira, é vista como um fio de esperança por executivos do setor privado e integrantes do governo. O diálogo deverá ocorrer em meio à escalada da crise entre Brasil e Estados Unidos.

Diante da falta de perspectiva de a Casa Branca baixar a guarda em sua tentativa de politizar uma negociação que deveria ser meramente comercial, a avaliação é que Bessent poderia ajudar o Brasil neste momento. O secretário do Tesouro tem acesso direto ao presidente dos EUA, Donald Trump.

Desde a semana passada, está em vigor uma sobretaxa de 50% sobre parte das exportações brasileiras. Entre os objetivos do ministro, um deles é pedir a ampliação da lista de exceções com produtos que não seriam atingidos pela medida, afirmam interlocutores envolvidos com o tema.

No último sábado, a Embaixada dos EUA em Brasília publicou, em redes sociais, novas críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. O texto, que dizia que o magistrado teria "usurpado o poder" da Corte, saiu um dia depois de o encarregado de negócios da representação, Gabriel Escobar, ter sido chamado pela quarta vez ao Itamaraty, para prestar esclarecimentos sobre uma outra publicação que havia sido divulgada na véspera.
 

Interlocutores que conversam com empresas importadoras americanas relatam que a recomendação é para mudar de tática. A conversa entre Haddad e Bessent seria mais promissora, se o ministro apresentar propostas concretas para uma negociação. Ou seja, indicar onde o Brasil tem disposição de negociar.

Esses industriais afirmam que é assim que acontece com outros países. Ressaltam que Trump não distribui convites para uma reunião. Quem quer falar com ele, tem de ir a Washington. Foi o que aconteceu, no início deste mês, com o chanceler Mauro Vieira, que se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na capital americana.

O governo brasileiro tenta abrir uma negociação com os EUA, por causa do tarifaço. Admite que podem entrar nas discussões o acesso dos americanos aos minerais críticos, maior celeridade no registro de patentes de medicamentos e, entre outros pontos.

Porém, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva rechaça a ideia de incluir, na negociação, o processo que corre no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump afirma que Bolsonaro é perseguido pela Suprema Corte brasileira, e cita Alexandre de Moraes como principal responsável.

Moraes teve seu visto de entrada nos EUA suspenso, juntamente com outras autoridades. Há cerca de dez dias, o ministro foi alvo de novas sanções, com base na Lei Magnitsky, que prevê, entre outras medidas, o bloqueio de operações financeiras que envolvem empresas americanas.

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