Haddad diz que problema para taxar super-ricos é da classe política
Haddad quer Brasil como líder global em justiça social e defende taxação de grandes fortunas como "imperativo moral"
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira que a taxação das grandes fortunas é um "imperativo moral diante do avanço das oligarquias dentro das democracias".
Ele também destacou que a classe política tem sido um entrave para a implementação da medida.
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— O problema é a classe política. Essa, que é a questão. Quanto tempo vai demorar para ter uma classe política à altura dos desafios que os colegas estão colocando? A população está sempre, sem problema, sempre a ouvir uma palavra de bom senso, uma palavra de racionalidade em busca de um futuro bom — afirmou.
Haddad destacou que Brasil e França estão atuando em conjunto para levar essa proposta adiante em fóruns internacionais, como o G20. Um marco importante desse debate foi a inclusão da tributação dos super-ricos na declaração final da cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro em 2023.
— O Plano de Transformação Ecológica fortaleceu as credenciais brasileiras para participar de maneira audaz nos debates globais e defender uma nova governança na era do clima, que chamamos de 're-globalização sustentável’ no G20 — afirmou o ministro.
Reforma tributária global e justiça social
A proposta de uma tributação global sobre os bilionários tem como base estudos de economistas como Gabriel Zucman e Esther Duflo.
A ideia é estabelecer uma alíquota mínima para grandes fortunas, o que poderia arrecadar centenas de bilhões de dólares anualmente, destinados ao combate às desigualdades e ao financiamento de políticas climáticas.
O ministro ressaltou que a parceria entre Brasil e França tem sido fundamental para impulsionar essa agenda e espera que a discussão avance ainda mais na COP30, que acontecerá em Belém (PA).
—Na defesa da tributação dos super-ricos, um imperativo moral diante do avanço das oligarquias dentro das democracias, França e o Brasil mostraram o caminho da coordenação Norte-Sul que pode ajudar o sistema internacional a sair do impasse — afirmou.
Haddad concluiu enfatizando que a taxação das grandes fortunas não se trata apenas de arrecadação, mas de justiça social e equilíbrio econômico global.
— Vamos trabalhar para posicionar o Brasil como líder pelo exemplo e pela cooperação em prol de um multilateralismo reforçado —finalizou.

