Seg, 08 de Dezembro

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Haddad eleva tom sobre juros e diz que BC mantém política mais restritiva do mundo

Ministro recorre a relatório do FMI e defende que inflação controlada permite iniciar cortes na Selic

Ministro da Fazenda, Fernando HaddadMinistro da Fazenda, Fernando Haddad - Foto: Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que o Banco Central do Brasil é o “mais duro do mundo” na condução da política monetária, em referência a um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em entrevista à GloboNews, Haddad voltou a defender que a taxa de juros está em um nível excessivamente restritivo diante do atual cenário econômico, com inflação controlada e cortes de preços administrados, como o da gasolina pela Petrobras.

— A inflação está se comportando cada vez melhor, e as projeções do mercado já apontam para um índice abaixo de 4% em 2027. O FMI disse que o Banco Central do Brasil é o mais hawkish, o mais duro do mundo. E o FMI sabe o que está falando. Historicamente, o nosso BC sempre foi duro, mas o atual é o mais duro do mundo — afirmou o ministro.

O termo “hawkish”, usado por Haddad, se refere à postura mais agressiva de bancos centrais no combate à inflação, geralmente com manutenção de juros altos por longos períodos.

— Existem nove diretores que decidem isso. Se eu estivesse lá, eu teria essa opinião, de que está restritivo demais para as condições atuais. Tem economista com outra opinião, e ninguém sai xingando — disse.

O ministro também evitou críticas diretas à diretoria do BC, sob comando de Gabriel Galípolo —indicado pelo governo Lula —, e disse que é cedo para avaliar o desempenho da atual gestão.

— É muito difícil julgar uma gestão que acabou de começar. Isso vale para a atual diretoria, que acabou de chegar com problemas graves para administrar. Mas, ao longo da história, o BC tem sido duro. Teve um período, quando o Ilan (Goldfajn) foi presidente, em que o BC foi muito sensível às teses que me são caras. Ali foi, e eu espero que essa gestão também seja — afirmou Haddad.

Apesar das divergências, o ministro ressaltou que mantém respeito à autonomia da instituição e que emitir opinião não significa desrespeitar a autoridade monetária.

— Eu tenho o maior respeito pelo BC, mas emitir uma opinião não é pecado. Eu tenho dito que penso que a taxa de juros está restritiva demais. Aliás, o presidente (Lula) disse isso ontem. É uma opinião, não deveria ser confundido com desrespeitar a institucionalidade, porque o mercado emite opiniões todos os dias — declarou.

Selic em 15%: maior nível em 19 anos

Na última reunião o Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006, com apoio unânime da diretoria. O comunicado do BC reforçou que os juros devem permanecer altos por um “período bastante prolongado”, mesmo com a melhora das projeções de inflação.

Segundo o comunicado do Copom, o cenário segue “marcado por incertezas” e exige “cautela na condução da política monetária”. Economistas avaliam que o BC não deu abertura para iniciar cortes de juros neste ano, embora parte do mercado espere a primeira redução em janeiro de 2026.

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