Internacionalização de Pernambuco é tema de encontro
Evento teve como palestrantes o ex-secretário de Cultura e Relações Internacionais de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto, e o cônsul da Eslovênia no Recife, Rainier Michael
A importância da internacionalização para o redesenho do desenvolvimento de Pernambuco foi o tema do 13º encontro Pernambuco em Perspectiva, realizado nesta terça-feira (22), no Recife. O evento teve como palestrantes o ex-secretário de Cultura e Relações Internacionais de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto, e o cônsul da Eslovênia no Recife, Rainier Michael, e reuniu empresários, diplomatas e especialistas do setor no auditório da torre 5 do empresarial RioMar.
Primeiro a ministrar no encontro, Gilberto Freyre Neto fez um histórico que mostrou a ligação de Pernambuco com outros países desde o descobrimento da América até o século passado, quando o estado foi um ponto importante para a defesa dos Estados Unidos da América, durante a Segunda Guerra Mundial.
Ele destacou ainda que, diante de um mundo com problemas geopolíticos e econômicos, é importante planejar e preparar o estado para o futuro do comércio mundial, e citou a ascensão do continente africano como um mercado consumidor que deve se fortalecer nos próximos 50 anos.
“O Brasil é um player, do ponto de vista econômico, pequeno em relação àquilo que os outros países ofertam de produtos e serviços ao exterior, mas a gente precisa ter um parceiro comercial que, no tamanho de Pernambuco, transite melhor. Acho que a gente faz um papel muito frágil com a costa ocidental africana. Se você pegar o mapa e olhar, eles estão pedindo para que o Brasil ocupe esse espaço, e parece que estamos de costas para eles”, salientou Freyre Neto.
Também de acordo com Gilberto, 38% da população mundial será de habitantes do continente africano, o equivalente a dois bilhões de pessoas que vão demandar consumo de produtos. Ele enfatizou que a identificação do Brasil com a África pode ser um fator importante para influenciar o posicionamento do país como um fornecedor.
“Conversar com os vizinhos é importante, e com os vizinhos mais distantes é tão importante quanto. O que não pode é ficar sem conversar. Nos próximos 25, 50, 75 anos, o mundo vai colocar protagonismo no continente africano. São 50 países, alguns falam português, alguns têm várias dinâmicas que se aproximam da nossa e que fazem sentido para o Brasil ocupar esse espaço. Nós somos o povo mais africano fora da África. Então, se alguém tem a condição de ser protagonista na discussão com a África é o Brasil”, completou.
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Já o cônsul da Eslovênia, Rainier Michael, destacou os potenciais de Pernambuco como hub estratégico no Nordeste brasileiro, citando a alta presença de consulados de outros países no Recife. Para ele, é importante ter um planejamento a longo prazo para atendimento de demandas locais importantes, nas mais diversas áreas, para que o estado possa reter os talentos que gerar, sem perdê-los para países mais desenvolvidos.
“Pernambuco se destaca nas relações com os Estados Unidos, com a Alemanha, com mais de 40 países que estão representados aqui como hub diplomático do Nordeste. Então, Pernambuco tem o pacote completo. Então, Pernambuco apenas tem que agora transformar isso em visibilidade, em negócios, em desenvolvimento econômico e social. Está tudo pronto. Agora vamos juntar e dar as mãos para que a gente faça um passo à frente em planejamento estratégico, em visão de médio e longo prazo”, disse Michael.
Ele sugeriu, ainda, a criação de plataformas digitais que apresentem o estado e os investimentos estrangeiros realizados. Com isso, Pernambuco poderia reunir as condições para a entrada de mais recursos de acordo com as oportunidades geradas no estado, conforme explicou.
“Precisamos fazer esse benchmark, precisamos verificar quem está fazendo bem, para que a gente possa atrair as melhores práticas. E um item que, para mim, não é discutido ainda hoje, que nos interessa muito é o mapa bilateral de investimentos. Isso interessa. Não é só colocar essa conversa, porque é dinheiro, cesta de moedas entrando por nós”, pontuou.
O consultor e sócio-fundador da TGI Consultoria, Francisco Cunha, que também é responsável pela Revista Algomais, que promoveu o encontro, considera importante a realização da discussão para a promoção de uma reconfiguração no desenvolvimento econômico de Pernambuco. Para ele, a globalização é um movimento impossível de ser contido.
“Hoje, nós não podemos considerar qualquer nação ou estado no mundo que não esteja relacionado com os demais países e estados do planeta, porque hoje nós vivemos num mundo cada vez mais globalizado. Tentar colocar freios nessa globalização, a meu ver, é uma coisa impossível de fazer, dado o grau de expansão e internacionalização do comércio e das relações, então fazer discutir essa questão em relação ao futuro de Pernambuco, é essencial”, cravou.

