Milei afirma que Argentina negocia empréstimo com Tesouro dos EUA
Em entrevista a jornal de Córdoba, presidente argentino diz que objetivo é ter recursos para honrar vencimentos da dívida no ano que vem
O presidente argentino, Javier Milei, afirmou nesta sexta-feira em Córdoba que se governo está negociando com o Tesoro dos Estados Unidos um empréstimo para honrar os próximos vencimentos da dívida em 2026, informou o jornal Ámbito.
– Estamos muito avançados – disse Milei ao diário La Voz del Interior, de Córdoba, ao ser perguntado se esperava uma injeção de recursos americanos.
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O presidente argentino vai à Nova York na semana que vem para a Assembleia Geral da ONU, e havia expectativa sobre uma reunião bilateral com Trump.
Na entrevista, Milei disse que o governo já sabia que “este seria um ano muito complicado”, por isso havia começado a traçar estratégias para fazer frente aos vencimentos do ano que vem. Serão US$ 4 bilhões em janeiro e US$ 4,5 bilhões em julho.
Nesta sexta, o banco central argentino fez uma nova intervenção para conter a taxa de câmbio no atacado, após o dólar superar novamente o teto da banda do país. De acordo com o jornal local Ámbito, o valor das injeções feitas nesta sexta-feira foi de US$ 678 milhões.
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Com isso, em três dias, US$ 1,11 bilhão foi despejado no mercado, já que as intervenções de quarta e quinta-feira já haviam somado US$ 432 milhões.
A necessidade de intervir no câmbio foi mais um revés para o presidente Javier Milei, que enfrenta uma crescente perda de popularidade e uma deterioração nos indicadores econômicos — também na quarta-feira, foi divulgado que o PIB argentino se contraiu em 0,1% no último trimestre.
Com isso, Milei afirmou, nesta sexta, que o "pânico político" está gerando uma tempestade nos mercados que leva ao colapso do peso e à disparada do risco-país.
No Banco Nación, o maior banco público da Argentina, o dólar fechou cotado a 1.515 pesos (5,47 reais) e rompeu o teto da banda de flutuação cambial estabelecida pelo governo.
Há "pânico político que está se espiralizando no mercado e gerando uma descoordenação enorme em termos de risco-país", disse o presidente ao discursar nesta sexta-feira na Bolsa de Comércio de Córdoba.
O presidente defendeu seu programa econômico e considerou que estão "colocando obstáculos" para prejudicá-lo.

