Motta reclama de "ingerência em assuntos internos de outros países" às vésperas de tarifa de Trump
Presidente dos EUA citou situação judicial do ex-presidente Bolsonaro em carta que anuncia taxação de 50% sobre o Brasil
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reclamou nesta terça-feira do que classificou como “medidas comerciais unilaterais para fins protecionistas e para ingerência em assuntos internos de outros países”.
A fala acontece a três dias da implementação do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o comércio brasileiro.
O presidente norte-americano chegou a criticar investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal no caso da trama golpista, na carta que anunciou as tarifas.
– No domínio comercial, aprovamos a Lei de Reciprocidade Econômica. Com ela, o Brasil tem ferramentas adequadas para responder a práticas discriminatórias em relação aos produtos brasileiros. É uma resposta serena, mas firme, em linha com a nossa profunda preocupação com o uso de medidas comerciais unilaterais para fins protecionistas e para ingerência em assuntos internos de outros países – disse Motta ao participar da abertura de uma reunião de presidentes de Parlamento, sediada em Genebra, na Suíça.
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No início de julho, Trump enviou uma carta endereçada ao presidente Lula anunciando que taxaria em 50% as mercadorias brasileiras.
Ele ligou essas taxas à condução do Supremo na ação penal que processa Bolsonaro por articular uma trama golpista para mantê-lo no poder. De acordo com o anúncio de Trump, as tarifas devem começar a ser colocadas em prática a partir de sexta-feira.
O chefe da Câmara também disse que “a razão e o entendimento devem prevalecer sobre a força e o confronto” e citou projetos e propostas analisadas pela Câmara, como o projeto que regulamenta a Inteligência Artificial e o marco regulatório do hidrogênio verde.
– Como principais guardiões da democracia em nossos países, temos de ser também os arquitetos de um futuro em que a razão deve prevalecer sobre a força, em que o entendimento deve substituir a confrontação, em que construamos pontes e não muros.
Motta também usou o discurso para falar sobre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), que irá acontecer em Belém em novembro.
– A COP30, que o Brasil, junto com a ONU, terá a honra de sediar na cidade de Belém do Pará em novembro, será ocasião para mostrarmos ao mundo, uma vez mais, o papel central do Parlamento brasileiro na agenda do desenvolvimento sustentável.

