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Ferrovia e fruticultura: debate estratégico para o Vale do S. Francisco

Realizado em Petrolina, evento Conexões Transnordestina discutiu a viabilidade de um ramal ligando o polo de fruticultura do Vale do São Francisco a Salgueiro e Suape

Debate em Petrolina foi o segundo de uma série de sete programados para acontecer até novembroDebate em Petrolina foi o segundo de uma série de sete programados para acontecer até novembro - Foto: Movimento Econômico

A fruticultura do Vale do São Francisco é um dos motores mais vigorosos da economia nordestina. Responsável por 78% das frutas exportadas pelo Brasil, movimentou em 2024 cerca de US$ 480 milhões apenas com manga e uva, símbolos da produção local. Ainda assim, o país ocupa apenas a 23ª posição no ranking global de exportadores, apesar de ser o 3º maior produtor mundial, atrás de China e Índia. Esse descompasso é resultado de um conjunto de gargalos logísticos e estruturais que encarecem os custos e reduzem a competitividade da produção. E um ramal ligando o Vale à Ferrovia Transnordestina pode ser uma saída para as frutas e outros produtos da região ganharem o mundo.

Esse foi o tom do debate que reuniu autoridades, produtores, especialistas e representantes do setor privado, nesta quarta-feira (13), em Petrolina, durante o seminário Conexões Transnordestina – A Ferrovia que Mudará Pernambuco, iniciativa do Movimento Econômico, do Grupo EQM, liderado por Eduardo de Queiroz Monteiro. O encontro discutiu a proposta do ramal ferroviário Petrolina–Salgueiro, cujo estudo de viabilidade é conduzido pela UFPE, em parceria com a Sudene.

Hoje, as frutas do Vale seguem principalmente pelos portos de Salvador, Pecém e Fortaleza, sem passar por Suape. O porto baiano, embora mais próximo, enfrenta atrasos e viagens mais longas até a Europa. Pecém e Fortaleza oferecem rotas até cinco dias mais curtas, mas o custo rodoviário até lá pesa na margem do exportador. Para culturas como a manga, cada dia no transporte influencia diretamente a qualidade e o valor no mercado.

O ramal ferroviário até Suape pode reduzir custos e tempo de viagem, ampliando a competitividade internacional e diversificando mercados. O impacto seria multiplicador: mais negócios, empregos e renda em cidades como Juazeiro, Lagoa Grande e Casa Nova. A integração beneficiaria também outros setores, como a cana da Agrovale, e fortaleceria o posicionamento do Vale como hub logístico e produtivo.

Com negociações do Acordo Mercosul–União Europeia em andamento e riscos como o tarifaço de 50% dos EUA sobre a manga brasileira, resolver o gargalo logístico é mais que urgente. O evento em Petrolina deixou claro: a ferrovia é peça-chave para transformar o potencial em resultados concretos para o Nordeste. E as lideranças locais presentes no evento conclamaram a união de todos em torno do tema.

Rota atual
Em 2023, o Porto de Salvador embarcou 3.249 contêineres de frutas do Vale, seguido por Pecém (1.352) e Fortaleza (708). Suape e Santos não participam desse fluxo.

Tempo é dinheiro
Rotas via portos cearenses encurtam até cinco dias de viagem para a Europa, vantagem crucial para frutas sensíveis como a manga. 

Diversificação
As exportações de uvas do Vale têm como destinos UE (46%), EUA (23%) e Reino Unido (20,9%). No caso da manga, a UE absorve 70% das exportações.

Mais empregos
A fruticultura eleva o IDH e gera milhares de postos de trabalho no Sertão. Logística mais eficiente amplia esse impacto.

Insumos mais baratos
Com a ferrovia, embalagens e outros insumos poderiam chegar por trem a Petrolina, barateando custos ao exportador.

Integração regional
A ferrovia também atenderia a outros setores, consolidando o Vale como polo logístico estratégico para o Nordeste.

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