Protecionismo de Trump pode repetir erro da Grande Depressão
Após a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, o republicano Herbert Hoover aumentou tarifas sobre mais de 20 mil produtos para conter a depressão
A decisão de Donald Trump de sobretaxar os produtos brasileiros em 50% acende um alerta para o risco de repetição de um dos maiores erros da política econômica dos Estados Unidos: o protecionismo radical da década de 1930. Após a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, o governo do republicano Herbert Hoover tentou conter a recessão aumentando tarifas sobre mais de 20 mil produtos por meio da Lei Smoot-Hawley. O resultado foi o oposto do esperado: os EUA mergulharam ainda mais fundo na Grande Depressão.
Estudos apontam que, entre 1930 e 1932, as exportações americanas caíram de US$ 7 bilhões para US$ 2,5 bilhões anuais, com retração de cerca de 40% no comércio exterior. No mundo, o comércio global encolheu aproximadamente 65% no início da década, com elevação do desemprego e forte queda da produção industrial.
Embora o cenário atual seja distinto, o princípio permanece: barreiras comerciais geram retaliações, prejudicam cadeias produtivas e freiam o crescimento global. O tarifaço de Trump pode gerar efeitos pontuais de curto prazo para países exportadores, como o Brasil, com possível aumento da oferta doméstica e, consequentemente, algum alívio nos preços e na inflação. Mas os riscos de médio e longo prazo são mais significativos.
Além de instabilidade nos mercados, o novo protecionismo pode desencadear uma espiral de retaliações, encarecendo insumos, distorcendo preços e comprometendo acordos comerciais. Em um mundo de cadeias globais integradas, medidas unilaterais penalizam não apenas os países-alvo, mas também consumidores e setores produtivos internos.
Repetir essa estratégia em um ambiente econômico interdependente pode ser um tiro no pé. O alerta da história é claro: o isolamento comercial não protege as nações aprofunda suas crises.
Socorro para exportadores de PE
Pernambuco pode registrar perdas estimadas em R$ 377 milhões com o tarifaço de 50% anunciado por Trump, segundo projeção da CNI. Diante do impacto sobre o setor exportador, o governo Raquel Lyra estuda medidas de apoio às empresas afetadas, conforme antecipou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti.
Articulação
No Ceará, estado nordestino mais atingido pela nova política tarifária, o governador Elmano de Freitas anunciou a criação de um grupo de trabalho conjunto com o Governo Federal. Com 44,9% das exportações destinadas aos EUA, segundo dados de 2024, o estado busca alternativas para manter a competitividade das empresas locais.
Valexport
No Vale do São Francisco, o presidente da Valexport, José Gualberto, comparou os efeitos das tarifas ao período da covid-19. Atualmente, cerca de 15% das exportações de manga da região são direcionadas aos Estados Unidos. Segundo ele, a saída será ampliar mercados e diversificar os destinos internacionais.
Dia dos Pais
O Shopping Guararapes lançou sua campanha de Dia dos Pais com a ação "Comprou-Ganhou", que oferece camisetas da linha SUPER HERO, da marca nacional Malwee. A iniciativa valoriza o consumo afetivo, fortalece o varejo brasileiro e aposta na produção local como estímulo à economia regional.
Morango em alta
A febre do "Morango do Amor" tem provocado disparada no preço da fruta. Em Sergipe, o Procon Aracaju constatou que a caixa com quatro bandejas saltou de R$ 30 para R$ 70. Já a bandeja individual, que custava R$ 5, está sendo vendida por até R$ 20.
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