Dom, 07 de Dezembro

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EX-DIRETOR GERAL DA OMC

Negociação com EUA será diferente de tudo o que já se viu, diz ex-diretor da OMC, Roberto Azevedo

Para ele, não existirá pedido e oferta, mas sim postura unilateral dos Estados Unidos

Roberto AzevedoRoberto Azevedo - Foto: wikipedia / reprodução

O ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) e diplomata, Roberto Azevedo, avalia que a negociação enre Brasil e Estados Unidos será diferente de tudo o que já se viu. Não haverá pedido e oferta, como tradicionalmente ocorre. Mas sim uma postura unilateral e caberá ao Brasil colocar na mesa de negociação as coisas que pode oferecer. Mesmo assim, Azevedo vê muitas oportunidades para o país.

— A negociação com os Estados Unidos será atípica, diferente de tudo o que já se viu. Não haverá pedido e oferta, será uma negociação unilateral e dependerá da capacidade do Brasil de colocar as coisas que tem a oferecer na mesa e incentivar a aceitação (dos EUA) — afirmou Azevedo em São Paulo, durante reunião da nova diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que tomará posse em 2026 com mandato até 2029.

O diplomata afirmou que o mundo mudou e agora estamos num 'novo normal'. Ele disse que muitas das coisas que estamos vendo agora, como a colocação do multilateralismo em xeque, vieram para ficar. São mudanças estruturais, acredita.

— Não adianta ficar com nostalgia do que era o mundo. O multilateralismo está em xeque. O mundo está polarizado. A relação entre os Estados vai se pautar pela conveniência. Serão ciclos políticos cada vez mais curtos, e o nacionalismo será acirrado até que se consiga reconstruir o mulilateralismo — avalia.

Azevedo afirmou que, com o tarifaço de Donald Trump, ficou evidente que muitos setores da economia brasileira têm pouca presença nos Estados Unidos. E essas crises comerciais vão acontecer com mais frequência.

— Não temos estrutura e canais adequados para atuar. Isso ficou evidente com o tarifaço. O setor privado precisa ter um papel mais atuante. Precisamos ter a diplomacia empresarial atuante — disse.

A aparente sinalização de Trump à abertura de diálogo com o Brasil, disse o diplomata, é um fato novo. Azevedo que integrou a missão que foi aos EUA por conta da investigação aberta pelo país contra o Brasil, disse que não há uma visão geral única dos EUA sobre o Brasil.

As visões, disse ele, variam de departamento para departamento do governo americano. Mesmo assim, avalia ele, existem oportunidades para um diálogo de alto nível. Mas antes é preciso que haja o desbloqueio político.

— Enquanto, não for resolvido o problema político, não vai acontecer nada — afirmou.

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