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Polishop: entenda a disputa com sócio da empresa em recuperação judicial

Criada em 1999, Polishop cresceu fazendo ofertas em canais de televisão e ficou famosa com produtos como airfryers, escovas de cabelo e esteiras fitness

Polishop: entenda a disputa com sócio da empresa em recuperação judicialPolishop: entenda a disputa com sócio da empresa em recuperação judicial - Foto: Reprodução

A origem da crise da varejista Polishop, que levou ao pedido de recuperação judicial admitido pela Justiça de São Paulo em maio desse ano, teria sido causada por uma discordância com um dos sócios da companhia, segundo relatou o CEO João Appolinário ao Estado de S.Paulo.

A empresa confirmou as informações ao Globo.

Com a alegação de dívidas estimadas em R$ 395,6 milhões, a varejista vinha com um plano de reestruturação que envolvia cortes no orçamento e criação de modelo de franquias, o que teria desagradado a Carlos Marcos de Oliveira Neto, diretor de Operações que possuía 50% de participação societária na empresa.

De acordo com informações da Polishop, os desentendimentos com o sócio teriam se iniciado em 2019, e se intensificado com os impactos trazidos pela pandemia, como o aumento do custo de locação em shoppings, além do encolhimento na concessão de financiamento para o varejo depois da crise da Americanas, que demandavam cada vez mais mudanças na companhia.

— Talvez meu erro tenha sido preservar as nossas lojas e empregos por tanto tempo. Mas me comprometi a não demitir na pandemia. E achei que os shoppings voltariam mais rápido. Não voltaram e os aluguéis subiram 64% pelo IGP-M desde 2019. A conta ficou insustentável — disse Appolinário, em entrevista à coluna Capital, do Globo, em abril.

A disputa teria se encerrado apenas este ano, quando a participação de Oliveira Neto se reduziu para menos de 3%.

De acordo com Appolinário, em entrevista ao Estado de S.Paulo, o sócio teria dito que não queria mais estar na empresa e, após ser feito um aumento de capital, ele não teria acompanhado o investimento.

O Globo não conseguiu entrar em contato com Oliveira Neto para responder às declarações da Polishop.

De acordo com Marcos Martins, sócio fundador do Marcos Martins Advogados e especialista em Contencioso Cível e Arbitragem, teria ocorrido uma movimentação entre os sócios com o aporte de capital feito por um deles e, consequentemente, com a diluição do outro sócio.

Assim, as participações foram redimensionadas na medida que Apolinário fez um aporte de capital e Oliveira Neto foi dissidente das proposições de recuperação.

— É tipicamente uma sociedade limitada com dois sócios e ela nasceu e se desenvolveu com 50% de participação para cada. Então, o caráter deliberatório estava sempre condicionado a uma maioria de votos. Isso foi trazendo embaraços no momento da crise, já que a desavença entre eles aconteceu no momento em que a empresa teria que ter agilidade e unidade de proposições para a tomada de decisões, o que não ocorreu — explicou.

O advogado acrescentou que a empresa vinha com um passivo bem elevado e que dificilmente as rotinas de capital de giro disponível dariam condições de uma renegociação das dívidas, o que levou ao pedido de recuperação judicial.

— É uma medida que dará à empresa uma flexibilidade maior, um respiro sobre as suas contas — afirmou.

A rede foi fundada pelo empresário João Appolinário em 1999 e cresceu fazendo ofertas em canais de televisão, ficando famosa com produtos como airfryers, escovas de cabelo e esteiras fitness. Nos últimos dois anos, foram fechadas 210 lojas, com a demissão de 2 mil funcionários. Atualmente, a Polishop tem 49 lojas em shoppings centers e quase 500 colaboradores.

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