Programa Impacta Bioeconomia impulsiona autonomia na produção farmacêutica com recursos da caatinga
Potencial do bioma para a produção de medicamentos e cosméticos foi destacada pelo superintendente da Sudene como diferencial do projeto Impacta Bioeconomia
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Reduzir a dependência de insumos farmacêuticos importados é um dos objetivos do programa Impacta Bioeconomia, destacado por Danilo Cabral, superintendente da Sudene. Em entrevista nesta quarta-feira (26), Cabral enfatizou o potencial do bioma da caatinga para a produção sustentável de medicamentos e cosméticos, destacando-o como diferencial do projeto.
“Um dos eixos da nova política industrial do Governo Federal é o complexo econômico industrial da Saúde, que representa 10% do PIB brasileiro, considerando indústrias e serviços. São 10 milhões de trabalhadores envolvidos, representa 35% da pesquisa do nosso país e tem hoje uma forte dependência comercial externa. Temos um déficit nesta balança de exportação de R$ 20 bilhões. Grande parte disso representada pelos fármacos importados. Ao mesmo tempo, a gente tem uma grande oportunidade no bioma da caatinga para explorar, no bom sentido, econômica, social e ambientalmente essa biodiversidade”, comentou o superintendente.
O Impacta Bioeconomia visa identificar organizações socioprodutivas robustas para estudar espécies vegetais e animais, buscando bioativos e bioinsumos que possam ser extraídos de forma sustentável. Este esforço não apenas promove o desenvolvimento socioeconômico, mas também protege o meio ambiente. Além de medicamentos, o projeto explora o potencial da caatinga para produtos cosméticos e alimentícios.
Com um investimento inicial de R$ 553 mil da Sudene, o projeto envolve uma rede de pesquisadores das Universidades Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Luiz Alberto Soares, professor de Farmácia da UFPE, destaca que o manejo sustentável da caatinga valoriza o território nordestino, fortalecendo iniciativas locais capazes de competir internacionalmente.
Frutos como licuri, maracujá-do-mato, pitanga, umbu, melão de São Caetano e acerola estão entre os objetos de estudo do Impacta Bioeconomia. Além disso, o projeto prevê o desenvolvimento de tecnologias avançadas para explorar peptídeos de escorpiões amarelos, potencialmente úteis para produtos terapêuticos e defensivos agrícolas biodegradáveis.
Para André Magalhães, economista e professor da UFPE, a geração de renda local é um dos grandes benefícios do Impacta Bioeconomia, enfatizando a inclusão dos pequenos produtores na cadeia econômica. "Estamos integrando os pequenos produtores neste processo de transformação, fortalecendo as associações locais e reduzindo a dependência de atravessadores", explicou o pesquisador.