Servidor do INSS denunciou em 2020 descontos ilegais de aposentadorias e pensões, diz JN
Polícia Federal abriu uma investigação que foi encerrada em 2024 sem nenhum indiciamento, de acordo com a reportagem
Um funcionário da direção do INSS procurou a Polícia Federal em setembro de 2020 para denunciar descontos irregulares em aposentadorias e pensões pagas pelo instituto, segundo reportagem do Jornal Nacional desta quarta-feira.
Segundo o JN, ele atuava na área que analisa os descontos nos benefícios e disse ter sofrido ameaças depois de identificar irregularidades nesses processos.
À reportagem, sem se identificar, ele disse que a Diretoria de Benefícios estava cortando acordos de cooperação técnica que previam os descontos.
— Alguns servidores receberam ameaças, isso foi falado lá dentro — afirmou.
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Depois da denúncia, a Polícia Federal abriu uma investigação que foi encerrada em 2024 sem nenhum indiciamento, de acordo com o JN.
No depoimento, o servidor disse que em 2020 houve um aumento repentino e anormal em comparação com outras associações.
Entenda a investigação
A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram no fim de abril uma megaoperação para combater descontos não autorizados em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.
O chefe do órgão, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial e depois demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Poucos dias depois, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, pediu demissão.
A operação, que envolveu centenas de policiais e auditores, foi autorizada pela Justiça do Distrito Federal para combater um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.
As investigações apontam que a soma dos valores descontados chega a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024, mas ainda será apurado qual porcentagem foi feita de forma ilegal.
As investigações apontaram que havia descontos sobre valores pagos mensalmente pelo INSS como se os beneficiários tivessem se tornado membros de associações de aposentados, quando, na verdade, não haviam se associado nem autorizado os descontos.
Após a operação, o governo suspendeu todos os acordos que previam desconto nas aposentadorias.

