Sáb, 06 de Dezembro

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Startup diz ser possível transformar mercúrio em ouro com fusão nuclear

Marathon Fusion publica artigo acadêmico descrevendo processo, que poderia ser usado em paralelo à geração de energia elétrica, relata Financial Times

Interior do reator de fusão nuclear do MIT, que também faz experimentos com fusão nuclearInterior do reator de fusão nuclear do MIT, que também faz experimentos com fusão nuclear - Foto: MIT/Bob Mumgaard

A Marathon Fusion, uma startup com sede em São Francisco, na Califórnia, focada no uso da fusão nuclear para gerar energia, afirmou que a crisopéia, mais conhecida como alquimia, poderia ser usada para produzir ouro a partir do mercúrio, mostra reportagem do Financial Times.

A possiblidade de transformar metal em ouro — a alquimia — é um sonho antigo da humanidade, perseguido por diferentes civilizações desde o Antigo Egito.

De acordo com o jornal britânico, a Marathon publicou um artigo acadêmico na semana passada no qual propõe que nêutrons liberados em reações de fusão nuclear poderiam ser usados para produzir ouro por meio de um processo conhecido como transmutação nuclear.

Embora o artigo não tenha sido revisado por especialistas do setor, o estudo foi bem recebido por alguns. Em entrevista ao FT, o Dr. Ahmed Diallo, físico especializado em plasma do laboratório nacional do Departamento de Energia dos EUA em Princeton, que teve acesso ao estudo, afirmou que, pelo menos no papel, a ideia parece boa, embora a maioria com quem conversou até agora continua ao mesmo tempo ''intrigados e animados''.

O Financial Times lembra que cientistas já sintetizaram ouro usando aceleradores de partículas, mas as quantidades foram minúsculas e os custos extremamente altos, dando como exemplo físicos do Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), na Europa, que disseram ter observado átomos de chumbo se transformando em ouro durante quase colisões em alta velocidade.

Fundada em 2023, a Marathon é uma empresa de engenharia que busca resolver alguns dos desafios técnicos da construção de usinas de fusão nuclear. A startup já levantou US$ 5,9 milhões em investimentos, além de receber cerca de US$ 4 milhões em subsídios do governo dos EUA.

O artigo científico publicado este mês demonstra como a fusão de deuteríneo e trítio pode ser utilizada para bombear neutrons de alta energia em um ciclo de reatores, transformando mercúrio-198 em mercúrio-197, que posteriormente se transformaria em ouro-197.

De acordo com a reportagem do FT, os fundadores da Marathon afirmam que futuras usinas de fusão que adotarem essa abordagem poderiam produzir 5 mil quilos de ouro por ano, por gigawatt de geração elétrica, sem reduzir a produção de energia ou a capacidade de geração de trítio do sistema. Aos preços atuais, eles estimam que essa quantidade de ouro teria aproximadamente o mesmo valor que a eletricidade gerada, o que potencialmente dobraria a receita da usina.

Um problema apontado no estudo é que a presença de outros tipos de mercúrio provavelmente resultará na produção de isótopos instáveis de ouro juntamente com o ouro-197, o que significa que o metal pode ser parcialmente radioativo. Isso pode exigir que o ouro seja armazenado por 14 a 18 anos para ser considerado completamente seguro.

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A Marathon foi fundada em 2023 pelo diretor executivo Kyle Schiller e pelo diretor de tecnologia Adam Rutkowski, ambos com 30 anos, como uma empresa de engenharia com o objetivo de resolver alguns dos desafios técnicos da construção de usinas de fusão.

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