Sucessão patrimonial e a construção do futuro
Em entrevista à Folha de Pernambuco, a especialista em sucessão patrimonial e referência no mercado financeiro Juliana Teófilo Ongaratto, fala sobre a importância e os desafios da área
Fundamental para o futuro das pessoas e das empresas, a sucessão patrimonial é o processo jurídico pelo qual uma pessoa organiza a transferência de seus bens, direitos e responsabilidades para os herdeiros ou beneficiários. Em entrevista à Folha de Pernambuco, a especialista em sucessão patrimonial e referência no mercado financeiro Juliana Teófilo Ongaratto, fala sobre a importância e os desafios da área.
Leia também
• Apple supera expectativas de lucro e vendas disparam diante incerteza tarifária nos EUA
• Amazon supera expectativa de lucro no trimestre, mas decepciona em guidance; ação cai 3%
• Vale terá novo vice-presidente Jurídico a partir de junho; D'Ambrosio sai em junho
O que despertou seu interesse por essa área tão estratégica para os empresários?
Conheci essa ferramenta através do meu marido, que foi atendido por um especialista e ficou encantado pelo produto, foi quando percebi que a maioria dos empresários dedicavam décadas à construção de seus negócios, mas deixavam de lado algo fundamental: o planejamento financeiro estratégico. Isso me tocou profundamente. Entendi que poderia fazer a diferença não apenas com números, mas com estratégia e cuidado, ajudando essas famílias a protegerem tudo o que construíram. A sucessão patrimonial une técnica e sensibilidade, e foi isso que me atraiu: a possibilidade de impactar positivamente o futuro de pessoas e empresas.
Como o planejamento patrimonial e a sucessão bem estruturada podem ser um divisor de águas para grandes empresários e suas famílias?
É a diferença entre deixar um legado ou deixar um problema. Um bom planejamento evita conflitos familiares, protege a continuidade da empresa e garante segurança jurídica e fiscal. Já vi famílias entrarem em disputas que duraram anos e comprometeram empresas lucrativas. Por outro lado, também acompanhei transições tranquilas, justamente porque houve preparação. O empresário que entende isso consegue construir algo que perdura — não só financeiramente, mas emocionalmente.
Quais os maiores riscos enfrentados por empresários que ainda não pensam em sucessão patrimonial?
O principal risco é perder o controle do destino da própria empresa. Muitos empresários acreditam que sucessão é um tema para o futuro, mas ele deveria ser pensado no presente. A falta de planejamento pode levar a disputas judiciais, carga tributária elevada, falência do negócio e até à dissolução de sociedades. E o mais grave: tudo isso pode acontecer em um enfrentamento de doenças graves, incapacidade ou até mesmo na fase de luto. Planejar é um gesto de amor, respeito e inteligência.
Quais fatores você acredita terem sido cruciais para alcançar o maior faturamento da sua área em 2024?
Foram três pilares: comprometimento, confiança e personalização. Eu não trabalho com fórmulas prontas — cada cliente recebe uma estratégia pensada para sua realidade. Além disso, acredito muito no poder do relacionamento. Eu escuto, entendo e acompanho de perto cada empresário. Isso cria vínculos fortes e sustentáveis. O faturamento é consequência de um trabalho bem-feito e da confiança que venho construindo ao longo dos anos.
O que mais te motiva ao ajudar empresários a estruturarem seus legados?
O que me move é saber que estou ajudando pessoas a protegerem o que construíram com tanto esforço. Cada empresa tem uma história. Cada patrimônio carrega suor, noites mal dormidas, decisões difíceis. Quando ajudo um empresário a organizar tudo isso, estou ajudando ele a ter paz. A sucessão patrimonial é sobre isso: continuidade, tranquilidade e visão de futuro. Meu trabalho é técnico, sim — mas é, acima de tudo, humano.
Qual seria o primeiro passo ideal — e o erro mais comum a evitar?
O primeiro passo é procurar um especialista e estar disposto a abrir o coração, porque sucessão não se faz só com planilhas, mas com conversas profundas. O maior erro é deixar para depois, achando que “não é o momento”. Não se deve esperar uma fatalidade, como doença grave, incapacidade ou até mesmo a morte. O momento é agora. Quanto mais cedo se planeja, mais liberdade se tem para construir um modelo ideal. Planejamento é liberdade — e não prisão, como muitos pensam.

