Tesla e BMW processam UE contra tarifas adicionais sobre veículos elétricos fabricados na China
Em outubro, a Comissão Europeia o braço executivo do bloco europeu adotou taxas extras de até 35% sobre automóveis elétricos, além dos 10% já existentes
A Tesla, de Elon Musk, e a BMW processaram o órgão executivo da União Europeia, somando-se a uma série de ações movidas por montadoras chinesas, como BYD, Geely e SAIC, contra tarifas que chegam a 45% sobre a importação de veículos elétricos para o bloco.
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As duas empresas possuem linhas de produção na China. Em outubro, a Comissão Europeia– o braço executivo da UE – adotou tarifas adicionais de até 35% sobre automóveis elétricos produzidos na China, além dos 10% já existentes. Essas medidas foram classificadas como "protecionistas" pela China, que levou o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O site do Tribunal Geral da UE mostra que as duas fabricantes de veículos elétricos apresentaram desafios não especificados contra a Comissão Europeia na semana passada.
A ação judicial de Musk aumenta as tensões com a UE, agravadas nos últimos meses pelo homem mais rico do mundo. Enquanto Musk irritou políticos europeus por seu apoio a partidos de direita, como o AfD da Alemanha, ele também tem sido alvo da UE devido à falta de moderação de conteúdo em sua plataforma X.
A BMW, por sua vez, declarou em comunicado que as tarifas da UE sobre veículos elétricos a bateria “não fortalecem a competitividade dos fabricantes europeus”, mas sim “prejudicam o modelo de negócios de empresas globalmente ativas” e “limitam a oferta de carros elétricos para consumidores europeus, podendo até desacelerar a descarbonização no setor de transportes”.
A montadora alemã acrescentou que ainda considera “preferível que um acordo político seja buscado por meio de negociações:
"Como já declarado antes, é importante evitar um conflito comercial que, no final, só terá perdedores”, acrescenta a nota da BM.
A UE justificou a adoção das tarifas adicionais afirmando que esses fabricantes se beneficiam de subsídios indevidos. O bloco europeu adiantou que está disposto a cancelar essas taxas adicionais caso seja alcançado um acordo negociado com a China para resolver a situação. Até agora, a UE teve um progresso limitado nas negociações com a China para substituir as tarifas sobre veículos elétricos por um acordo abrangente, segundo a Bloomberg.
A Tesla, que fabrica carros para o mercado europeu na China, não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário sobre a medida, e o tribunal com sede em Luxemburgo disse que não podia fornecer mais detalhes sobre o conteúdo dos casos.
A UE abriu caminho para as tarifas ao votar, em outubro, pela imposição das taxas após uma investigação concluir que a China subsidiava injustamente sua indústria. Meses de negociações não resolveram a disputa comercial, levando Bruxelas a adicionar as novas tarifas a um imposto de importação já existente de 10%.
A Tesla foi atingida com tarifas anti-subsídios de 7,8% além da taxa de 10%. As importações da BMW enfrentaram uma taxa de 20,7%. A montadora foi afetada porque seus modelos Mini Cooper elétrico e Mini Aceman 100% elétrico são fabricados na China, segundo o site automotivo Autogear.
A estatal SAIC, controladora da MG, foi a mais prejudicada, com tarifas que agora totalizam 45%. Por muito tempo a marca chinesa mais vendida na Europa, a antiga marca esportiva britânica enfrentou dificuldades recentemente, registrando uma queda de 58% nas vendas em novembro, segundo dados da empresa de pesquisa Jato Dynamics.
— Estamos preparados para defender nosso caso no tribunal, se necessário — disse Olof Gill, porta-voz da comissão com sede em Bruxelas.