Combustíveis do futuro
“Objetivamente: é urgente substituir o combustível fóssil por biocombustíveis. Etanol, biometano, biodiesel, hidrogênio verde. Numa palavra: descarbonizar o planeta.”
2024 foi o ano mais quente da história. Surpresa? Não. Então, por que não se alcançam os objetivos da crise climática? O aquecimento foi superior a 1,5%. Ultrapassando o limite estabelecido no Acordo de Paris. Ou seja, a disciplina no fazer está menor do que a decisão política. Já estamos pagando o preço. No estio. E nas enchentes.
A estratégia da transição energética foi fixada. Está desenhada nos seguintes pontos:
1. Acelerar investimentos em energia renovável, principalmente energia eólica e solar;
2. Transformar usinas de energia em unidades de gás natural;
3. Fortalecer as atuais redes elétricas ampliando-as;
4. Impulsionar a descarbonização na indústria;
5. Promover cadeias de suprimento seguras.
Este é um conjunto de medidas apto a enfrentar e resolver o problema. Tecnicamente. Mas, o nível sensível está na órbita política. Que pensa nos percentuais de crescimento do PIB e de emprego. Mirando os números das urnas eleitorais.
Trata-se de produzir um impacto positivo nos processos produtivos. E nos costumes sociais. Capazes de ajustar o comportamento da sociedade às exigências da mudança climática. Há uma lacuna entre o tecnicamente viável e o politicamente possível. Essa distância é do tamanho de uma ausente política de comunicação. Voltada para criar uma consciência sobre a gravidade do tema.
Sejamos claros: é urgente desencadear uma campanha de comunicação para mudar hábitos. E convencer pessoas, empresas e decisores políticos de que é questão de vida ou morte: adequar os padrões de consumo às metas da sustentabilidade. Objetivamente: é urgente substituir o combustível fóssil por biocombustíveis. Etanol, biometano, biodiesel, hidrogênio verde. Numa palavra: descarbonizar o planeta. Intensificando o uso de fontes de origem vegetal. O objetivo final é eliminar a emissão de dióxido de carbono. A limites mínimos.
Mas, para tal, há uma ausência fatal. Percebo hiato entre decisões tomadas nos foros internacionais e prática cotidiana dos cidadãos. Mas esse trabalho não é sequenciado por planos de comunicação. Para induzir a sociedade a agir na conformidade da mudança climática. Ajustando comportamentos ao enfrentamento do aquecimento global.
Quer dizer: temos um marco regulatório para estocar carbono. Metas definidas para mistura no combustível: até 35% de etanol e até 20% de biodiesel. Temos acordos internacionais. Mas não temos, na ponta do consumo, comunicação e indução psicológica. Para o consumidor mudar de hábito. Perder a guerra nos cinco minutos finais da partida?
Assinale-se fator recente que obstrui as decisões de transição energética. No cenário geopolítico. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia. E a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA. No caso de russos e ucranianos, o confronto impede que os dois países se engajem no esforço comum de um mundo sustentável.
No caso da presidência norte-americana, a questão é de outra natureza. Não se destrói fisicamente infraestruturas estratégicas. Mas se eliminam institucionalmente acertos multilaterais, parcerias comerciais, programas de cooperação científico e tecnológico. É outro tipo de ferimento. É morte política, programática, institucional.
O presidente dos EUA ignora a ONU. Ignora a Organização Mundial do Comércio – OMC. Extingue programas de ajuda externa. Retira o país da UNESCO. Executa política tarifária imperial, elevando percentuais incidentes sobre os bens. Insólita política absolutista. Inimaginável para época de interdependência das nações. Isolacionismo esterilizando construção solidária da economia.
Após a era das super potências, iremos viver o tempo geopolítico dos blocos econômicos. A União Europeia é dado real. E o BRICS já apresenta PIB grupal superior ao dos Estados Unidos. A era da geopolítica segue buscando equilíbrio político.

