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Bob Burnquist, uma lenda a serviço da evolução do skate

À Folha, lenda admite diminuir ritmo nas pistas para investir em "conteúdo" e deixar legado de boa gestão na CBSK

Bob Burnquist projeta Brasil forte em Tóquio-2020Bob Burnquist projeta Brasil forte em Tóquio-2020 - Foto: Paullo Allmeida

Maior medalhista da história dos X-Games, primeiro brasileiro a conquistar o prêmio Laureus, um dos idealizadores da Mega Rampa e único skatista do mundo a ter um equipamento desse no quintal de casa, nos Estados Unidos, onde mora, Bob Burnquist, sem dúvidas, não só tem seu nome cravado na história do skate mundial, como é personagem protagonista em sua evolução. O carioca, de 41 anos, é o responsável ainda pela concepção de várias manobras arrojadas, algumas das quais só ele mesmo consegue reproduzir. Desde o último trimestre do ano passado, a mente de um dos atletas mais criativos do País passou a explorar em um novo terreno. Bob foi aclamado presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK) e tem a missão de deixar, como gestor, marcas tão expressivas quanto as que vem cravando ao longo de mais de duas décadas como atleta.

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“Eu sozinho não faço nada. É importante se rodear de pessoas competentes, independente de serem skatistas ou não. O meu vice, por exemplo, não anda de skate, mas é um fenômeno no marketing. Não tenho experiência em gestão esportiva, mas estou cercado de pessoas muito qualificadas”, destacou Bob, que já assumiu tendo de apagar incêndios, uma vez que CBSK não era reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como entidade reguladora do esporte e sim a Confederação Brasileira de Hockey e Patins (CBHP).

“Com o skate na Olimpíada, a preocupação maior era ter essa representação pela CBSK. Se lá atrás tivessem me perguntado se tinha vontade de ser gestor da confederação, a resposta era não. Não imaginava, mas foi algo que aconteceu, então tem que fazer tudo direito, com cuidado, prestando contas. Peguei uma confederação com dívidas, em dificuldade. Conquistamos algumas coisas (projeto Tóquio-2020, seleção brasileira, campeonato nacional), mas há muito a ser feito. Penso em implantar um sistema de compliance (regimento interno com normas a serem seguidas à risca). Deixar um legado”, analisou Bob.

Poucas nações comemoraram tanto a inserção do skate nos Jogos Olímpicos quanto o Brasil, que possui um histórico extremamente positivo de conquistas em grandes eventos internacionais. Os atletas das modalidades inseridas nos Jogos (street e park) figuram entre os melhores do mundo, o que alimenta a esperança por medalhas. O próprio COB aponta o skate e o surfe como possibilidades reais de pódio, embora opte por não fazer projeções. Bob não faz o estilo conservador nesse aspecto. Pelo contrário.

“A gente sempre almeja o máximo. Há muito tempo o skate brasileiro está na ponta em várias modalidades. Está todo mundo andando bem. São muitos títulos ao longo dos anos e a expectativa é disso continuar”, disse ele, ponderando, contudo, o fato de as coisas estarem evoluindo muito rapidamente. “No mundo inteiro as pessoas estão treinando e melhorando. Até 2020 muito vai acontecer. Nesse momento, é muita gente andando de skate, surgem novos nomes o tempo todo”, completou, citando Japão e Estados Unidos como os possíveis adversários mais fortes do Brasil, além do crescimento de jovens suecos.

A posse na confederação não tirou Bob das competições. No final de agosto, está prevista mais uma edição da Mega Rampa. “Minha vida é em cima do skate, existe até um certo conflito porque sou presidente e atleta atuante. Então meu vice lida com muitas coisas, como questões de doping em campeonatos. Continuo competindo, mas a intenção é ir diminuindo a pegada de competição e aumentando o lado de conteúdo, criatividade. Estou trabalhando na minha biografia para 2020, filmando, e continuo querendo aprender manobras novas para colocá-las no filme. Busco progredir tecnicamente. Tenho outros projetos, como exposições, kits de pistas modulares, que podem ser montadas em qualquer quadra. Estou sempre buscando coisas novas, recomeçando”, pontuou Bob, que veio ao Recife pela primeira vez no último final de semana, para participar do evento Inspira BB, do Banco do Brasil. Na ocasião, a proposta era falar sobre medos e, embora confesse que estar no topo de uma rampa com mais de 30 metros de altura sempre gere medo, não é isso que lhe tira o sono. “Tenho medo de ser mal interpretado. Por ser uma pessoa pública. Fico sempre atento a isso”, revelou ele, que aproveitou a visita à Cidade para conhecer o famoso Rodão, na orla de Boa Viagem. “Gostei muito, tinha bastante gente. É bom ver o skate disseminado.”

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