Seg, 15 de Dezembro

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Esportes

Futebol e frevo de mãos dadas

Grandes compositores homenagearam os clubes com belas canções, entre eles Capiba e Nelson Ferreira

Futebol e frevoFutebol e frevo - Foto: Divulgação

Duas paixões populares, o carnaval e o futebol andam de mãos dadas em Pernambuco. Consagrados compositores de frevo, como Lourenço da Fonseca Barbosa (Capiba) e Nelson Ferreira não esqueceram de homenagear os clubes locais, criando, com seu talento, músicas que passaram a viver na memória dos torcedores. Basta o Santa Cruz obter uma grande vitória, que logo se vê sua torcida entoando uma música que mesmo não sendo o hino oficial da agremiação é a que se consagrou com o passar dos anos.

Conheça os frevos que exaltam o futebol

"Santa Cruz, Santa Cruz, junta mais esta vitória/Santa Cruz, Santa Cruz, ao teu passado de glória..." Essa marcha-exaltação foi composta por Capiba em 1948, mas, como o clube brigou com a Federação Pernambucana e não disputou o Campeonato Estadual, ela ficou guardada por dez anos e só foi lançada pelo compositor quando o time sagrou-se supercampeão em 1957.

O jornalista Lenivaldo Aragão, um especialista em futebol e frevo, lembra que Capiba era um ferrenho torcedor do Santa Cruz, desde os tempos em que, adolescente ainda, vivia com a família em Campina Grande, na Paraíba. "Capiba tinha uma bandeira tricolor, que era solenemente colocada à janela de sua residência, na Barão de Itamaracá, no bairro do Espinheiro, quando o Santa jogava". O cronista lembra que a paixão do compositor pela Cobrinha era tanta, que em 1948 ele afastou-se do Conselho Deliberativo tricolor por não concordar com a decisão da diretoria de tirar o time do Campeonato Pernambucano.
"Certa vez, Capiba deu-me esta declaração, justificando sua atitude naquela ocasião: 'O Santa Cruz brigou com a Federação e saiu do campeonato, engolindo a corda do Sport, que havia se solidarizado com ele. Mas, foi só nós saírmos para o Sport voltar e levantar o título, de barbada, pois seu principal adversário estava fora'. "
A verdade é que tricolores e rubro-negros protestavam contra a então Federação Pernambucana de Desportos (FPD), que no entender de seus dirigentes, estava protegendo o Náutico. Houve um bafafá muito grande, tendo sido necessária até a intervenção do interventor do Estado, Agamenon Magalhães. No final das contas, o Santa Cruz pagou o pato, pois foi suspenso pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos) por 60 dias.
O hino oficial do clube, porém, é de autoria dos irmãos Valença (João e Raul), composto na década de 30 - Nos anais, nos calendários/
Fiquem sempre por lembrança/ Teus lauréis extraordinários/ de bravura e de pujança/Nos esportes tua história/ É orgulho a que faz jus/Este símbolo de glória/Que é teu nome Santa Cruz....
Mesmo tricolor, o maestro e compositor Nelson Ferreira não se furtou a fazer uma música em homenagem ao Sport. Daí, surgiu Moreninha - Moreninha que estás dominando/ Desacatando agora pelo entrudo/ Chegou a hora de gritar loucamente: Hip, hip, hurra, pelo Sport tudo!...

No entanto, o hino oficial do clube rubro-negro é de autoria de Eunitônio Pereira, que compôs o frevo canção, "Sport, uma razão para viver".
Nelson Ferreira compôs o hino do Bloco Timbu Coroado, que sai pelas ruas do bairro dos Aflitos, no Recife, no domingo de Carnaval e pertence ao Clube Náutico Capibaribe. Para os alvirrubros, também fez o frevo Come & Dorme, talvez a música que mais esteja associada ao futebol do Alvirrubro pernambucano. Também é o autor do frevo canção Cazá Cazá Cazá(1955), após o pedido na época do jovem Eunitônio Edir Pereira, que anos depois iria compor o hino oficial do Sport.

 

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